Fiquei muito tempo me debatendo se deveria ou não abordar a questão da
condução do caso Renato pelo departamento de futebol. Me parece um tema
muito explosivo por se tratar de um jogador que sempre desperta
polêmica, mesmo quando não joga.
Segundo nota oficial do clube, Renato foi dispensado de forma unilateral
e sem mais justificativas. Posteriormente, portais esportivos
informaram que sua postura no episódio da queda do técnico Jorginho e
outras questões disciplinares foram as causas alegadas para o
desligamento do jogador.
Mas a coisa ficou realmente complicada quando, após impasse nas
negociações para o pagamento da rescisão, o Flamengo resolveu voltar
atrás e deixar o atleta apenas afastado, treinando na gávea
completamente separado do grupo, ao lado de outros casos semelhantes,
como Alex Silva.
Evidentemente trata-se de um episódio que não foi bem conduzido pela
diretoria. E é grave porque passa uma nítida impressão de amadorismo,
despreparo ou falta de comunicação entre as diretorias de futebol,
finanças e até mesmo jurídica (não sei se o clube ainda tem um jurídico
separado para o futebol). Tendo o contrato do Renato sido renovado no
início do ano, já negociado pela diretoria atual, não dá nem para alegar que as cláusulas referentes a rescisão eram desconhecidas ou pegaram o departamento de surpresa.
Para muitos - eu inclusive - o caso da demissão do Renato havia sido uma
bola dentro da diretoria para passar um recado ao grupo de que o
comando e a hierarquia não seriam comprometidos por nenhum jogador, por
mais liderança que pudesse ter. As reviravoltas do caso, no entanto,
parecem sugerir que o comando e a organização que tem norteado outros
departamentos do Flamengo ainda não chegaram ao futebol.
Passados seis meses da posse da nova diretoria, ainda vemos diretor
executivo e vice-presidente de futebol dando declarações contraditórias
ou prometendo contratações que não podem fazer. Continuamos com
problemas estruturais sérios, com a obra do CT parada e sem um estádio
definido para mandar os jogos por conta da indefinição sobre o Maracanã.
E tudo se agrava - bastante - com o time patinando no campeonato.
A torcida tem tido paciência e todos compreendem que a conjuntura é
extremamente desfavorável. É importante, então, que a direção do futebol
entenda que talvez seja importante enfrentar a crise abertamente,
evitando situações confusas onde proliferam boatos. Wallim e Pelaipe
precisam definir quem fala pelo departamento de futebol do Flamengo e
desautorizar qualquer outra declaração, de quem quer que seja. Contra o
disse-me-disse alimentado pela mídia que se nutre das crises
rubro-negras, o melhor são declarações objetivas e abordagem direta e correção daquilo que não está funcionando.
É hora de assumir os erros, desmentir os boatos e seguir em frente. Os
campeonatos recomeçam neste fim de semana e a Magnética vai apoiar o
Flamengo onde quer que ele esteja jogando nesta temporada nômade.
abs e SRN!