terça-feira, 30 de julho de 2013

Festa na Favela?

Para iniciar este post a prova cabal de que o Flamengo é global em todos os aspectos, nosso MITO, ops, Presidente, se comportando como um mulambo e se deliciando com a manutenção de um tabu de 13 anos:


Depois de tanto tempo longe, o Flamengo voltou ao Maracanã, eu voltei ao tão criticado por mim, Maraca. Muitas ideias prévias se confirmaram em minhas observações e reflexões, mesmo eu tendo saído de casa com a mente vazia, sem preconceito. Vou tentar descrever alguns aspectos que foram sentidos por mim durante o “Matchday”. A chegada foi tranquila, fui de metrô, no contrafluxo por causa da JMJ que tinha MUITA GENTE saindo de Copacabana. Poderia ter ido de carro ou ônibus, mas as ruas do entorno estavam bloqueadas, o que dificulta principalmente a saída do estádio, além da lei seca, mas tudo tranquilo, tranquilo mesmo. O esquema funcionou, até demais...

Fui com meu primo e logo na chegada uma constatação e uma surpresa ao mesmo tempo: Não havia ambulante algum. Não havia mesmo! Ninguém vendia nada do lado de fora do estádio e assim começou a saga da cerveja! Andamos um pouco, com muita gente indo na direção do estádio e outros fazendo o mesmo caminho em busca da cerveja “perdida”. Em um raio de 1km ninguém vende nada, tudo livre para o acesso das pessoas. Bom e ruim. O bom é o acesso em si mesmo e o ruim é que o clube não se utilizou do espaço, sendo parceiro do estádio para vender nada. Se o fez eu não vi. Pode ser falha minha, se tiver enganado mudo o texto sem problemas, mas se eu não vi, muitos também não. Como aproximar o clube da torcida?

Depois da cerveja na padaria LOTADA, para esquentar os tamborins, voltei ao estádio para entrar no “New Maracanan”. Faltava 1h para o inicio da partida e as filas estavam razoáveis. Depois de entrar e observar algumas novidades fui ao banheiro e estava tudo OK. Não vi problema algum, e fui quando cheguei, no intervalo e quando saí. Tinha papel, água, sabão, sem problemas. Ao entrar no “salão de festas” o primeiro choque: não teve choque! Não senti nada de especial, o coração não acelerou e a visão era de um estádio qualquer. Dentro está descaracterizado, outro lugar. Mais confortável, diferente.

Mesmo com todas essas ressalvas, digo que a torcida está doidinha para levar o time nas costas. Vaiou na saída para o intervalo, mas sabia que o time do Botafogo foi superior. Quando se viu as substituições do treinador o que ocorreu? Abraçou o time e não parou de cantar por todo o segundo tempo. O time aceitou e foi pra cima junto com a torcida. Essa é a pressão que faz a diferença nos jogos no Rio. Quando o time precisa e a torcida ajuda, ganha o Flamengo. Tudo deve ser melhorado, sobretudo o clube na relação com a torcida, com as “vendas legais” de licenciados e inscrições de STs nos estádios com stands do clube dentro e fora do estádio, ajudando a distribuição e venda de camisas e licenciados. Lojas do Flamengo! Do mesmo jeito que faltavam ambulantes “prestando um serviço”, faltava o Flamengo para preencher aquele espaço e se aproximar de seus clientes.

Sobre ingressos, a lotação e a torcida dentro de casa, o ingresso médio do jogo ficou por volta de R$ 79,00, bom preço para 38.000 pagantes, mas péssimo se pensarmos nas 9.000 gratuidades e as mais de 20.000 cadeiras vazias. Se o Flamengo setorizar o estádio, equalizar as vendas e baixar o preço médio garantindo maximização da capacidade e ganhando com os serviços se lota o estádio e baixa o preço médio do ingresso. Fica bom pra todo mundo. Estes ingressos poderiam ter porcentagens destinadas a populações de baixa renda, também. Uma outra medida para não afrontar aos olhos dos torcedores é desvincular os serviços de entradas VIP, cobrando apenas o ingresso e deixando o serviço à parte.

Essa medida ajudaria a não deixar o espetáculo muito “feio” para quem assiste na televisão (ontem a impressão era de estádio vazio) seria baixar o preço dos ingressos que ficam no meio do campo, de frente para as câmeras de TV, cobrando o serviço por fora, separado do ingresso. Assim a “Central VIP” não fica vazia, porque tem valor psicológico também. Dos R$ 350,00 cobrados pelo ingresso (R$ 150,00 são do serviço). Se você vende o ingresso por R$ 200,00, com direito a meia e facilidades para o Sócio Torcedor, e, explica que o extra do serviço R$ 150,00 a venda é certamente maior. Um ganho psicológico para torcida e uma vantagem da imprensa não perturbar muito. Não fica abusivo, grosseiro, além de ser mais “fácil” para “lotar” o local e ficar visualmente bonito para o mundo, quem “compra” parte do espetáculo de longe. Um ganho imaterial na imagem e na relação entre clube e torcida.

Vou tentar calcular uma projeção baixando um pouco os preços praticados no domingo:

Lateral superior (atrás dos gols): 29.082 entradas
Preço Inteira: R$ 50,00; meia-entrada - R$ 25,00; ST – R$ 20,00
Local lotado com ingresso médio de R$ 30,00: R$ 872.460,00

Lateral inferior (atrás dos gols): 11.666 entradas
Preço Inteira: R$ 80,00; meia-entrada - R$ 40,00; ST – R$ 32,00
Local lotado com ingresso médio de R$ 45,00: R$ 896.250,00

Central Superior: 11.950 entradas
Preço Inteira: R$ 120,00; meia-entrada - R$ 60,00; ST – R$ 48,00
Local lotado com ingresso médio de R$ 75,00: R$ 896.250,00

Central VIP (“às laterais do centro”): 7.665
Preço Inteira: R$ 150,00; meia-entrada - R$ 75,00; ST – R$ 60,00
Local lotado com ingresso médio de R$ 100,00: R$ 766.500,00

Central Premium (no “meio”, com Catering, alimentação, sem serviço incluso): 5.962
Preço Inteira: R$ 200,00; meia-entrada - R$ 100,00; ST – R$ 80,00
Local lotado com ingresso médio de R$ 125,00: R$ 745.250,00

Ingressos vendáveis: 66.325
Renda Total com Estádio Lotado (sem contar camarotes): R$ 4.176.710,00

Ingressos vendáveis: 66.325
Renda Total com Estádio Lotado (sem contar camarotes): R$ 4.176.710,00
Ingresso Médio: R$ 62,97
Cadeiras Cativas: 4.991
Camarotes: 2000
Aproximadamente 6.000 ingressos para autoridades, imprensa, consórcio, parceiros, patrocinadores camarotes corporativos especiais para que se alcance os 79.000 de público total possível no estádio em eventos Fifa ou não. Abaixo plano de assentos:


Possível perceber “a solução” do problema dos ingressos cumulativos, aumentando a importância do Sócio Torcedor, com 60% nas entradas, 10% a mais do que os estudantes comuns, assim não importaria ser estudante + ST, sim apenas, sócio torcedor. Três partidas ou mais no Rio de Janeiro ou em alguma cidade, como Brasília oneraria muito ao orçamento de qualquer família, então sugiro que o ST que tenha ido a três partidas do clube tenha um desconto de 80% no ingresso na partida seguinte, num período de dois meses. Este tipo de “fidelidade rasteira” ajudaria ao orçamento do torcedor e ao clube com o estádio cheio.

O mais importante para qualquer clube de futebol é a ocupação dos estádios, principalmente dentro de campo, quando o time se sente acolhido. O que nossa torcida fez no segundo tempo do jogo, se “o cara não sentir nada” pode pedir para sair. Não serve para o Flamengo, nem para jogar futebol! O time é frágil, mas o treinador é competente e a vontade da torcida em ajudar é real! E muito grande! Outros aspectos incomodaram bastante como o banco do outro lado da torcida, nosso lado é nosso lado! Mas isso é um aspecto menor. 

Espero sinceramente por um Maracanã mais “tradicional” com preços escalonados de ingressos, para diminuir as gratuidades (estádio com ingresso vendido com antecedência não deixa espaço para gratuidade), o banco de reservas do lado da torcida, como sempre foi, cinco metros a mais de largura no campo (dá para fazer existe espaço para isso, com 2,5m de cada lado do campo) e rede véu de noiva nos jogos do Flamengo. Tudo continuará no padrão Fifa, mas do nosso jeito. Quando tiver jogo oficial da seleção ou Fifa, é só trocar a rede e diminuir o campo. Qual a dificuldade disso?

O estádio em si, não é nem padrão Fifa, nem padrão Cabral. Nem luxuoso, nem uma porqueira. É comum. Não consigo entender como gastaram R$ 1,2 BI ali. Ou parte do dinheiro foi pro ralo, ou alguém ficou muito rico ou os dois... Saltou aos olhos, desde o metrô, até as cercanias, padaria e se confirmou dentro do estádio: a quantidade de “camisas Adidas” e sua proporção. A “olho nu” 50% dos rubro-negros do estádio estavam vestidos com o Manto novo, 25% estavam com camisas do Flamengo de outros anos e modelos retrô e aproximadamente 20% “à paisana”. O que sobra do restante? Uns 5% de “camisas piratas”. Isso mesmo, “só isso”! Quando e como já se viu, aproximadamente de 5% de torcedores do Flamengo com camisas piratas? 

Tiro duas conclusões: Primeiro, a torcida está muito afim de contribuir com o clube, dado o crescimento expressivo dos STs nos últimos dias; e em segundo lugar, elitizaram mesmo! A elitização infelizmente veio para ficar, mas existem meios de se reduzir, inclusive, como disse acima, reservando porcentagens de ingressos a baixo custo. Na saída deu um nó na garganta quando a torcida gritava “favela, favela, favela, festa na favela”! Eu dizia pro meu primo e ele ria “”favela, favela, favela, ninguém é da favela”! Não era mentira!

FLAMENGHIEUBIQUE!

P.S.: A diretoria não cumpriu mais uma promessa e Zico não foi dar o toque Real na primeira partida do Flamengo no retorno do Maracanã. Nem se explicaram, nadinha. Foi legal o Bandeira comemorando, zoando, mas cadê o Amarildo? Ops, cadê o Zico?