quarta-feira, 10 de abril de 2013

Crescendo de fora para dentro de campo



O tema é recorrente, mas convém persistir nele até esclarecer grande parcela da torcida do Flamengo que desconhece a revolução administrativa a que o clube vem sendo submetido desde janeiro pp e que o levará, certa e inicialmente, ao topo do futebol brasileiro a médio prazo;

Essa insistência no que está sendo recuperado do que sobrou nos escombros em virtude das devastações praticadas por gestões anteriores, além de informar a quem ainda não percebeu o óbvio, possui também o caráter de contra-atacar os argumentos dos aproveitadores, travestidos de ex-dirigentes ou não, que a cada insucesso no futebol saem da tocaia em que se enfiaram e se insurgem contra a atual diretoria, utilizando-se dos verbos, frases e orações que caracterizavam o arcaico modelo de gestão que dominava o velho Flamengo e talvez o levassem à morte;

Devem achar que contratar e não pagar ou aplicar o popular calote é portfólio para futuras negociações e não conduz ao descrédito no mercado, com jogadores, treinadores, clubes e prestadores de serviços que, numa auto-defesa, recusavam-se a realizar qualquer negociação com o Mais Querido, sem falar na recusa legal das estatais de patrocinarem seja o que for com as cores rubro-negras. Afinal, ninguém quer rasgar dinheiro, principalmente se for o seu ou a consequência for passar uma temporada trancafiado na cadeia por malversação dos recursos alheios, no caso das S/A de status privados;

O ano avança célere, invadindo o segundo trimestre e a nova diretoria do Flamengo é motivo de júbilo integral na área administrativo/financeira, fundação de um grande clube na mais ampla acepção da palavra, que está sendo concebida pela gestão de Eduardo Bandeira de Mello iniciada outro dia, nos primórdios de 2013. Avanços significativos foram obtidos como o pagamento de milhões de reais em impostos atrasados e a consequente obtenção das Certidões Negativas de Débitos que libera a instituição tanto das amarras do Erário quanto para receber investimentos e patrocínios públicos, além do importante resgate da credibilidade há muito tempo perdida dentro e fora do mercado do futebol, trazendo em seu vácuo o orgulho de ser rubro-negro. Um golaço perfeito, de placa. Só não vê ou não viu quem não quis e torceu o nariz olhando convenientemente para o nada com cara de paisagem;

Infelizmente, falta a esse padrão de qualidade transpôr os limites do campo, onde dentro dele na disputa da Taça Rio os vexames se acumularam, com o time não absorvendo o entusiamo vindo dos gabinetes e com o treinador Jorginho mais perdido do que cachorro em dia de mudança, algumas vezes treinando várias formações distintas e escalando uma outra para jogar, e que optou por começar praticamente do zero em vez de simplesmente dar continuidade à base deixada pelo Dorival Júnior, quando poderia implantar paulatinamente as modificações que marcassem a necessária renovação da equipe, embora com o técnico substituído o Flamengo tenha iniciado a sua derrocada rumo à eliminação do Estadual, a qual teve continuidade com empates e derrotas para simples times de aluguel, que usam o arcaico campeonato da várzea como vitrine para jogadores desempregados e iniciantes na carreira. E mesmo assim deram "calor" no ainda desorganizado, desastrado e mal treinado time rubro-negro;

É hora de uma indesejada parada obrigatória, pois nada mais está valendo nas partidas restantes que se tornaram amistosos de luxo, sendo o próximo contra o Fluminense o único que, em tese, poderia ser factível de mexer e dificultar a posição do Flamengo no topo da fácil tabela que tinha pela frente, porém nada há mais o que fazer, valendo três pontos, além de disputar os jogos da importante Copa do Brasil, com largas folgas entre um confronto e outro;

Rever conceitos, escolher a dedo jogadores a serem contratados, reavaliar caminhos e treinar muito para o Brasileirão que começa daqui a 45 dias, assim como gabaritar a Copa acima citada é o que restou. Não estou muito preocupado, apesar de aborrecido com o que vi até aqui, justamente em função do expressado no início deste modesto texto. Tenho a certeza de que um eventual ótimo time não faz um grande clube, já que nessas condições a vaidade aguçada pelos resultados, como no passado, despreza a estrutura, mas um clube organizado faz grandes times que podem não ganhar tudo, mas ao longo do tempo ganham muito;

É nisso que muitos torcedores precisam se ater: reclamar dos péssimos resultados do princípio do ano, se aborrecer com eles, contestar sem pensar em derrubar um trabalho de profundidade que vem sendo feito para gerar condições a fim de que seja montada uma equipe de futebol vencedora, exercendo a sabedoria da resignação para esperar um pouco do tempo passar, pois o futuro será ainda mais grandioso para o Flamengo.