segunda-feira, 1 de abril de 2013

Alerta!

Vinte e seis pontos, a maior pontuação do campeonato, somente nesta rodada alcançado pelo Fluminense, mas está virtualmente eliminado da Taça Rio e da competição faltando três rodadas para o final. 1º de Abril? Não, a mais pura verdade. Sou o primeiro a dizer que esse elenco não tem condições de se sustentar no Campeonato Brasileiro, mas daí a dizer que não tem condições de enfrentar o Resende, o Boavista de Bacaxá e o "temível" Audax Rio vai uma distância bastante grande. Os números globais não batem com o desempenho atual da equipe. Bem, não acho que os 18 (dezoito) pontos da Taça Guanabara tenham sido conquistados sem sustos ou com um futebol perfeito, advindo de um esquema tático cem por cento ajustado.

Em algum momento, porém, o Flamengo perdeu o foco: discutiu-se mais a (merecida) festa para o Zico e suas estatísticas contra o Botafogo do que a própria semifinal; Renato Abreu exigindo camisa, tirando onda com o Rafinha e dizendo com quem podia jogar, sendo adulado por Dorival, um episódio pra lá de estranho totalmente diferente de tudo o que ocorrera até então. Em seguida à semifinal ocorreu um processo de fritura pública do treinador, com o Diretor Executivo criticando a não inclusão de Nixon no banco de reservas. Enquanto isso, tome campeonato rolando, com jogo contra o Resende... Houve então surpreendente intransigência na negociação da cláusula de reajuste salarial do contrato, com a divulgação da justificativa pouco convincente de que a renovação não foi possível pela magra margem de 10% (dez por cento) entre a proposta de redução da cláusula de reajuste e a contraproposta. E Dorival foi demitido.

Não ficarei aqui especulando nem tentando desvendar xaradas. O que sei é que o trabalho que vinha até então sendo desenvolvido de forma séria, retilínea, sem complicação de qualquer ordem, subitamente se foi, e em futebol não há pecado maior do que esse, o de subestimar o destino, o de julgar que as coisas estão sob controle, tanto mais com um elenco tão jovem, e por isso mesmo tão instável e tão sujeito a sentir situações de pressão. Havia uma unidade entre Diretoria, Comissão Técnica e elenco, a qual, de uma hora para outra, desfez-se sem volta.

Não entendi até agora o que se passou pela cabeça dos nossos nobres diretores ao tirarem Dorival no meio do campeonato para trazerem Jorginho, um treinador que jamais assumira um clube grande. Jorginho está treinando o Flamengo ou o Flamengo está treinando Jorginho? Faço a pergunta porque tenho realmente essa dúvida, por mais que os critérios de Jorginho me sejam muito mais agradáveis do que os de Dorival. E se a Diretoria não gostava dos critérios de Dorival, por que o manteve no início do ano? Para que o desgaste da troca na primeira justificativa furada no meio do campeonato? Por que não uma decisão firme no início do planejamento?

Quero deixar bem claro que não estou chorando por Dorival, um treinador para mim com várias limitações, inclusive de ordem tática, e nem tampouco condenando de antemão Jorginho, um jovem treinador com conceitos que muito me agradam, mas futebol é planejamento e não se muda tudo, comando e critérios, no meio de um campeonato, ainda mais com um time jovem, inexperiente, em montagem e em busca de autoafirmação. A fatura está sendo cobrada agora, antecipadamente, e, repito, com a equipe tendo a maior pontuação do campeonato. No mínimo esdrúxulo, estapafúrdio e inaceitável.

Não, não é elenco para o Brasileiro, mas dizer que não tem time para chegar às finais do Estadual é  tampouco convincente. Houve um evidente vacilo fora de campo, com todo o respeito.

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A Diretoria do Flamengo faz um trabalho notável em nível administrativo, algo histórico e inédito no clube, mas no futebol precisa se achar, dentro, fora de campo e ainda nos estádios, com a torcida. No Departamento de Futebol, nesse primeiro trimestre experimentou trocas de rumos e parâmetros de forma prematura e por isso o time oscilou entre extremos. Para piorar, o torcedor não foi visto nos estádios. A combinação, até aqui, é perigosa e é bom que se comece a ter alguma estabilidade porque o nível de competitividade no Campeonato Brasileiro é muito, muito mais alto.

E tem outra: os Blues precisam ter em mente que não podem, de forma alguma, cometer o mesmo erro da administração anterior e achar que, com o futebol indo mal, mas com o resto do clube indo bem, as coisas politicamente se sustentarão. O nome do clube é Clube de Regatas do Flamengo apenas por uma questão estatutária. O que importa é o futebol profissional e seus estimados quarenta milhões de torcedores espalhados pelo mundo inteiro. Ponto.

É claro que a Diretoria herdou um verdadeiro pepino no setor, mas o desastre desse ano, com todo o respeito, até pelos motivos já expostos, não pode ser atribuído à gestão anterior. Aliás, é hora da atual Diretoria começar a levar em conta que, com orçamento curto e pouquíssima margem de manobra, não é o momento de correr riscos absolutamente desnecessários, como o que o Diretor Executivo Paulo Pelaipe correu, e pelo jeito se estrumbicou, com Carlos Eduardo, um jogador que disputara oito míseros jogos nos últimos três anos, e que, porém, foi trazido para vestir a camisa 10 com pompas de titular, obviamente com um razoável salário baseado em euros. É claro que toda contratação envolve riscos, mas convenhamos que não é preciso jogar roleta russa nessas contratações, sem trocadilhos com o Rubin Kazan.

O Flamengo precisa de dois laterais, um volante, um meia e dois atacantes. Pelo menos...

É bom que sejam contratados, pois se o futebol não for bem, todo o inédito e histórico projeto político será colocado em risco.

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Por coerência, registro que nem tudo foi ruim: Rafinha e Rodolfo revelados e de contratos renovados, assim como Adryan. Ontem, gostei do Amaral. Gabriel aos poucos se solta. Renato Santos voltou bem. Com calma tudo se assentará. Espero...

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Mas então, Jorginho, eu tenho que perguntar, ok? Substituição aos 42 minutos do primeiro tempo? Você poderia explicar, por favor? Quebrar o ritmo do time que buscava o empate nos minutos finais da primeira etapa? Onde você estava com a cabeça, meu caro?

Sai Rafinha e entra Ibson. Eu queria apenas entender, taticamente, o que você quis com isso. Tirando um atacante e colocando um meia/volante que faz poucos gols. Difícil de entender, assim como a substituição de Rodolfo, o mais lúcido do time, por Carlos Eduardo, que está sem ritmo de jogo e até aqui nada fez pelo Flamengo.

Não é de admirar que o time se desarrumou e atacou desordenadamente no segundo tempo. Perdeu o pouco padrão tático que possuía.

"Nixon é um moleque maneiro."

Jorginho, Jorginho... Ai, ai, ai... Help me help you...

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Muito boa a ideia de Jorginho de deixar Thomás treinando com o time profissional, mas jogando com os juniores. Sugiro que faça o mesmo com Adryan e Luiz Antonio, para que não percam ritmo de jogo e mesmo o timing como jogadores. Adryan e Luiz Antonio, assim como Thomás, precisam encontrar suas posições em campo. Adryan precisa aprender a jogar centralizado e Luiz Antonio como lateral.

A ideia poderia também ser aplicada a Carlos Eduardo, claro que não nos juniores, mas com um time misto, tipo de aspirantes. Melhor que Carlos Eduardo recupere o ritmo e a confiança nesse tipo de jogos, aos poucos, do que ganhe em jogos oficiais a antipatia irreversível da impaciente e exigente torcida do Flamengo, que todos conhecemos, tanto mais nos tempos difíceis pelos quais estamos passando.

Bom dia e SRN a todos.