segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Identidade e Novos Tempos

Buongiorno, Buteco! Aproveitei uma folga no final do ano passado e assisti a umas antigas partidas do Flamengo, além de uns vídeos com entrevistas dos nossos inesquecíveis craques da época. Gosto muito de reviver aqueles tempos. Pode até ter um pouco de nostalgia, mas acho saudável celebrar e nunca deixar cair no esquecimento o que aqueles heróis fizeram pelo Mais Querido. Um dos vídeos que assisti foi o do Hexa, oficial, e nele havia uma entrevista do Adílio, o nosso "Brown", na qual ele explica como aquele time às vezes tocava a bola parecendo que a rodava pelo campo tudo de modo improdutivo, mas na verdade apenas buscava irritar os marcadores, desconcentrá-los e encontrar o momento certo para penetrar na defesa adversária de forma mais incisiva. Total controle da situação por uma equipe excepcional, única. O toque de bola era uma marca fortíssima daquele time. O toque de bola sempre foi uma marca do Flamengo. A pergunta que se torna necessária é: até que ponto ele pode ser conciliado com uma característica do futebol moderno, o jogo objetivo e em velocidade?

Na década passada, até mesmo times que disputaram a fuga do rebaixamento/permanência na Série A, como o de 2004, por exemplo, tinham futebol pouquíssimo objetivo e eficiente, porém muitas vezes tinham a característica de tocar muito a bola e ter a posse de bola no meio de campo. Essa característica se repetiu em outras equipes, o que nos levava, torcedores, a classificar o estilo do time como do "arame-liso", ou seja, cercava, cercava, mas não machucava ninguém. Em contrapartida, bons times foram formados sem perderem a característica do toque de bola, como o de 2008 e o campeão em 2009. Esses times, todavia, conseguiam ser agressivos e marcavam muitos gols. Na última semana, porém, confesso que me preocupei bastante, na verdade fiquei assustado, quando vi o time da Copinha 2013 apresentando a mesmíssima característica do toque de bola, só que com o mesmo defeito da improdutividade. Cheguei à conclusão que está na hora de rever alguns conceitos, como naquela propaganda de automóveis.

O tema não é simples ou fácil; tampouco ensejará unanimidade, tenho certeza. Adianto que não proponho nada que se assemelhe a transformar o Flamengo num Grêmio carioca, por exemplo, nem a abolir o toque de bola, presente no DNA rubro-negro, de nossas divisões de base. Contudo, parece-me muito claro que é preciso fazer algo. Assisti durante a semana a uma parte da partida entre Fluminense x Cruzeiro, pela mesma Copinha 2013, e fiquei abismado com a diferença do nível de velocidade do jogo, de objetividade e de competitividade de ambas as equipes em relação ao Flamengo. Era algo que transcendia a qualidade dos atletas. Não se tratava disso, mas da própria concepção do jogo, da tática.

Pelaipe prometeu investimento nas divisões de base. Espero que um grande "raio x" seja feito, inclusive em quem as comanda atualmente e suas concepções.

Flamengo 2x0 Quissamã

Estou muito aliviado com a estreia, assim como empolgado com esse começo de ano no clube.

Nem remotamente imagino o time que entrou em campo sábado disputando as partidas mais importantes do clube durante o ano e a vitória até certo ponto tranquila, ainda que contra um estreante na competição, é exatamente o que me anima. Não gosto da concepção de Dorival do 4-3-3, com três volantes, algo que já havia feito no Brasileiro/2002, pois acho fundamental haver ao menos um meia; é preciso melhorar muito a saída de bola; o meio criou pouco, em especial no primeiro tempo, e as nossas laterais continuam a ser avenidas, tal como no ano passado; contudo, gostei demais de ver alguns jovens vencendo o medo de acertar e tendo atuações acima da média, empolgados em mostrar serviço, jogando com alma em campo. Refiro-me a Nixon, a Romário e ao artilheiro e destaque da partida Hernane.

Receberemos dois reforços inesperados: Adryan e Mattheus. Um dos dois pode perfeitamente ocupar a terceira vaga do meio nesse mistão. Não vejo, por outro lado, razão para escalar Ibson de forma obsessiva, apesar do razoável segundo tempo, se não houver de sua parte comprometimento na marcação. Mattheus, por exemplo, parece-me talhado para essa terceira vaga no meio, no exato esquema concebido por Dorival.

O mais importante, para mim, é ver que a Gávea respira novos ares e os atletas estão dando a resposta com muito empenho dentro de campo. As vitórias e conquistas só virão com essa nova postura.

Carlos Eduardo

Acabará hoje a novela? Tomara que sim. Já ficou chata há tempos.

Seja bem vindo; que consiga desenvolver no Flamengo uma sequência que não foi possível no Rubin Kazan.

Bom dia e SRN a todos.