segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Carta Aberta aos Indecisos



A CHAMADA FINAL (BY ROCCO FERMO)




Bom dia, meus caros amigos do Buteco! Hoje é o dia mais importante em três anos para o torcedor do Flamengo. É como a tomada da Bastilha ou o desembarque das Forças Aliadas na Normandia; é o dia em que se espera tirar do poder Patrícia Amorim e seus aliados e dá-lo a um grupo completamente independente da política tradicional da Gávea, em nome de um projeto para não só fazer o Flamengo voltar a ser grande e vencedor, mas muito maior do que já foi. Esta coluna, então, para ter alguma utilidade, é direcionada ao eleitor que ainda não se decidiu em quem votar ou mesmo em ir votar. Seu voto pode fazer a diferença entre o Flamengo mergulhar na escuridão sem data para sair, pois ninguém garante o que acontecerá e quais serão os efeitos daí produzidos nos próximos três anos, e a renovação, a reconstrução, o caminhar para a frente novamente. Peço então a você, eleitor indeciso, que leia com boa vontade essa coluna antes de tomar sua decisão final.

Não tenho absolutamente nada de pessoal contra Patrícia Amorim ou os que a apoiam ou dão sustentação política; o meu problema é a gestão absolutamente desastrosa no clube. Ok, ela impulsionou a construção do CT, que está próximo de ser construído, e isso não é pouca coisa, mas também, convenhamos, e aí? Ser Presidente do Flamengo não pode ser apenas isso. Tá bom, deu uma ajeitada em alguns setores da sede na Gávea, se bem que há quem diga que é apenas maquiagem, mas vou deixar esse ponto em favor dela em prol do debate, ok? E, claro, há o relevantíssimo aspecto do pagamento em dia aos funcionários, e só aos funcionários, pois andou rolando atrasos aos atletas durante o Campeonato Brasileiro. A galera joga um tênis bacana lá na sede, curte uma piscina, tem um parquinho legal (sem ironia) e é isso, né? Posso começar o "contraponto"? Então segura que lá vem pancada...

A mulher preside o clube de futebol com o maior número de torcedores do mundo e o recebeu campeão brasileiro após dezessete anos e com uma chance razoável de conquistar a Taça Libertadores da América, dado o elenco. E o que fez? Assistiu o seu Diretor de Futebol se indispor com uma das estrelas do elenco, publicamente, e depois dizer que outras duas podiam faltar quando quisessem. Logo em seguida, substituiu o treinador campeão brasileiro que, sim, tinha problemas para controlar o grupo, por um treinador sem qualquer experiência, um estagiário, e ainda por cima, no jogo de ida das quartas de final da competição, fez o time entrar em campo sem aquecimento por chegar atrasado devido ao trânsito para buscá-la na Gávea, desviando completamente a trajetória, numa manobra desastrosa que fez diferença na classificação. E como desgraça pouca não é bobagem, o campeão brasileiro lutou para não ser rebaixado no segundo semestre, no qual, frise-se, teve a pachorra de lançar a campanha dos tijolinhos para construção do CT um mês após fritar o Zico numa fogueira, dando apoio político ao atual presidente do Conselho Fiscal, o mesmo que havia sido seu assessor na Assembleia Legislativa durante anos, e que, processado em juízo, se retratou de todas as acusações.

Calma, calma, ainda estamos em 2010... O Luxemburgo ainda nem tinha sido contratado... Com esse aí houve, literalmente a "terceirização" do Departamento de Futebol do Flamengo para uma pessoa. Nunca vi nada igual. Porém, justiça seja feita, ele era "moderado" ocasionalmente pelo... Diretor de Finanças (!?) Michel Levy. No meio dessa confusão, contrataram o Ronaldinho Gaúcho, mas, sabe como é, né, além de não ter sido obtido o patrocínio para pagá-lo, o patrocínio, de alguns meses, conseguido no final do ano, deu-se por intermediação de empresa outra que não a parceira que supostamente deveria ter a exclusividade nessa missão por conta do acordo costurado quando da contratação do atleta. O resultado foi... uma tremenda briga que resultou na assunção da dívida dessa empresa por parte do Flamengo e com o clube se responsabilizando por pagar o restante, e a maior parte, dos salários do atleta, sem patrocinador master, sem receita para tanto. Deu pra entender? Claro que não, né? Você, meu caro eleitor indeciso, tem por costume, pessoal ou profissionalmente, assumir as dívidas de terceiro, especialmente quando atingem milhões de reais, e sem receitas para pagar? Então é claro que não entendeu. Mas a atual mandatária do clube se fez de surpresa na mídia com a ação trabalhista movida pelo atleta. O detalhe é que essa assunção da dívida se deu, repita-se, com o clube sem patrocinador master, marca da gestão, apesar dos 40 milhões de torcedores. E nem adianta falar que o presidente tal fez o acordo "x" com a empresa "y" para construir o shopping "z" e resultou em um prejuízo de não sei quantos milhões, como se isso desse a cada sucessor o direito de contrair endividamento proporcionalmente semelhante...

Complicado, né? Mas então, a história do Luxemburgo acabou mal. O Flamengo, após terminar o primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2011 em segundo lugar, fez uma das piores campanhas no segundo turno, conseguindo a vaga no torneio classificatório para a Libertadores, onde passou apertado pelo Real Potosí, um prenúncio do desastre: a eliminação na primeira fase, já sob o comando de Joel Santana. O bicho pegou na pré-temporada, foi um tal de treinador brigar com Ronaldinho, Michel Levy brigar com o treinador, ninguém de peso ser contratado, vídeo de mulher entrando na concentração em Londrina, e o  restante do ano foi novamente lutar contra o rebaixamento, sem patrocinado master, claro, apesar do altíssimo custo do elenco, cujos jogadores com maiores salários, se depender de quem está atualmente à frente do Departamento de Futebol, permanecerão. Tem ainda os balanços entregues fora do prazo, aprovados com ressalvas, com relatórios de auditoria um tanto estranhos, e o atual que ninguém julga... Ok, ok. Acho que já posso parar. Vou lembrar que foi só um resumo e que deixei passar muita coisa importante.  Triste hoje é ouvir, ler a presidente simplesmente dizer que se orgulha do "Parquinho", que o futebol não ganhou nada durante dezessete anos, que o clube não vive só do futebol e que não poderia ser cobrada por isso. Fica então o registro. Vamos falar então das coisas boas.

É claro que tudo isso resultou em uma reação. Não poderia ser diferente. Estamos falando do Mais Querido do Brasil, o clube com o maior número de torcedores do mundo, certo? Então, não adiantava simplesmente outra corrente política do que já se tinha na Gávea levantar-se contra tudo isso, até porque algo poderia ser dito contra, talvez não numa proporção tão devastadora e em tão pouco tempo, mas fatalmente acabaria sendo uma medição de erros da mesma natureza. Desse quadro surgiu o movimento que culminou na formação da Chapa Azul. Pessoas de fora do cenário político do clube formaram não apenas uma chapa, mas um projeto com um modelo de gestão, motivados pela paixão pelo Flamengo, pela vontade de ver o clube voltar aos seus melhores anos e até superá-los e, claro, como não poderia deixar de ser, pelo sentimento de completa indignação pelo que se passou nos últimos três anos, especialmente.

Peço ao amigo eleitor indeciso, o qual, obviamente, para estar indeciso, só pode estar apegado a fatores como os atrativos da sede social e a estabilidade dada aos funcionários do clube nos últimos três anos, que pondere a respeito de algo bastante óbvio: as pessoas que formam a Chapa Azul não desejam ver o clube andando para trás. Claro, em um primeiro momento pode surgir um sentimento natural de dúvida e desconfiança, mas também é muito razoável superá-lo quando nos deparamos com o currículo dessas pessoas: todos executivos bem sucedidos ou homens públicos com reputações a zelar; pessoas que estão bem de vida e não têm razão alguma, que não a vontade de ver sua grande paixão, que é o Flamengo, sendo tratado como merece, para se exporem em uma aventura fracassada e terem suas vidas manchadas perpetuamente.

Não pense que me iludo achando que os membros da Chapa Azul encontrarão, acaso eleitos, um mar de rosas no poder, que acertarão sempre e terão o dom da infalibilidade, que todas as suas iniciativas simplesmente darão certo como num passe de mágica ou mesmo que são virgens vestais imaculadas, incapazes de pecar, e que, portanto, nenhum deles cometerá qualquer desvio de conduta. A questão, amigo eleitor indeciso, é, sendo bem franco, comparar as duas alternativas sérias que hoje se apresentam nessa eleição, a capacidade administrativa dos membros de cada chapa, seus currículos, e sobretudo as perspectivas para o clube em cada cenário. O mais importante, no nosso bate-papo, é saber que o jogo de tênis, a piscina, o passeio nas dependências sociais do clube nos finais de semana e feriados, as escolinhas do clube, enfim, nada disso está em risco, mas poderá ser extremamente valorizado uma vez agregado a tudo de bom que virá com o que pode ser implementado pela Chapa Azul. O outro cenário é que assusta: o balanço anterior aprovado de forma não convincente e o de 2011 até hoje não analisado e a perspectiva de mais três anos com essa turma, que parece estar nitidamente desesperada por perder o poder. Veja aqui a prova. Imagine mais três anos com eles, que, no futebol, apresentam como proposta administrativa a volta daquele diretor que disse que o Vagner Love e o Adriano podiam faltar quando quisessem...

Quem escreve essas linhas não ganha absolutamente nada com essas eleições. Sou torcedor e quero o melhor para o clube. Não participarei da gestão e nem conheço qualquer dos membros efetivos da chapa. Nem que quisesse teria tempo e disponibilidade para isso. Continuarei aqui neste blog, participando da administração e escrevendo uma vez por semana, tomara que a respeito de futebol (o Buteco sempre terá a postura independente e fiscalizadora, inclusive em relação à Chapa Azul, tenha certeza). De uma coisa, porém, eu pelo menos não tenho a menor dúvida: são raros momentos como esse, especialmente em nosso país, em que há uma mobilização em torno de ideias, com as pessoas se expondo, colocando seus nomes à prova, se arriscando, e ainda contando com apoio popular, no caso, da torcida, seja nos estádios, como vimos no sábado, seja no meio cibernético, nos blogs e redes sociais. E tem outra: às vezes na vida é preciso ter coragem para mudar, especialmente quando a outra alternativa é a manutenção do quadro atual, de consequências imprevisíveis.

Para mudar tudo isso, vote hoje, 3 de dezembro de 2012, na Chapa Azul, e ajude e corrigir o rumo da História do Clube de Regatas do Flamengo.

Bom dia e SRN a todos.