segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Vem aí um 4-3-3?

Buongiorno, Buteco! Final de semana sem jogo do Mais Querido? Ninguém merece, certo? Muito menos o colunista de segunda-feira neste Buteco Mais Querido, rsrsrsrsrs. Há pelo menos um lado bom nessa inesperada "nova pré-temporada" do Flamengo no ano: um tempo extraordinário para treinar, que nenhum outro clube do campeonato, além do adversário do jogo adiado, o Atlético/MG, terá ao seu dispor. Bem sabemos, amigos, que esta é a terceira pré-temporada do Flamengo no ano: a primeira, digamos, a "programada", foi arruinada por brigas e sabotagens entre Vanderlei Luxemburgo, o "Destreinador", Michel Levy, o "Dono do Flamengo" e... bem, aquele jogador cujo nome não mais pronuncio, mas vocês sabem quem. A segunda foi conduzida por Joel Santana, que teve inacreditáveis 28 (vinte e oito) dias (!) ao para treinar, porém desperdiçou-os na maior demonstração de incompetência que já vimos nos últimos anos no Flamengo, com direito a mais de 10 (dez) dias sem ir ao campo selecionando reforços de terceira linha e deixar o time sem qualquer padrão de jogo ou jogada ensaiada.

Agora vem a terceira pré-temporada, dessa vez com Dorival Júnior no comando da equipe. Diferentemente das outras duas, lemos nas diversas resenhas esportivas que o novo treinador está aproveitando o momento da equipe para treinar nas vésperas e dias posteriores aos jogos, além de dar preferência aos treinamentos táticos. Podemos dizer, desde logo, que é completamente diferente de tudo o que vimos até aqui nesse ano. Por mais limitado que seja o elenco, é possível dele extrair algo que permita ao Flamengo ao menos permanecer na Série A com dignidade e conseguir uma vaga na Sul-Americana de 2013 sem qualquer susto, com um mínimo de padrão tático, algo que Joel Santana em momento algum conseguiu dar segurança que atingiria. Se esse é um objetivo digno das tradições do Flamengo é outra conversa, mas todos sabemos que a resposta é negativa.

Como era de se esperar de um treinador que acabou de assumir o elenco, Dorival Júnior tem testado diversas formações, mas algo me chama a atenção: ao que parece, a formação mais testada é uma espécie de 4-3-3 ou uma adaptação a esse esquema. Explico: tradicionalmente, o 4-3-3 é formado por quatro defensores, três jogadores no meio e três atacantes, sendo estes dois pontas e um centroavante. No melhor estilo "quem não tem cão, caça com gato", contudo, muitas vezes vemos o 4-3-3 "adaptado" com jogadores que não são originariamente atacantes, porém desempenhando as funções ofensivas de "ponta". Muitas vezes essa adaptação é motivada pelo fato de não ser fácil encontrar atacantes que exerçam funções defensivas simultaneamente às ofensivas, ou seja, com tal grau de comprometimento tático. Hoje em dia, porém, principalmente após a Copa do Mundo de 2010, a Alemanha mostrou que isso é possível e com altíssimo grau de qualidade, e o esquema vem sendo copiado no mundo inteiro, inclusive na América do Sul e aqui no Brasil.

A boa notícia, para o Flamengo, é que, ao longo dos anos, na minha opinião, os principais títulos nacionais e internacionais foram conquistados com o 4-3-3, autêntico ou adaptado em algum nível:

1980 - Andrade, Carpeggiani e Zico no meio; Tita caía pela direita, Nunes era o centroavante e Júlio César "Uri Geller" o ponta esquerda.

1981 e 1982 - Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. Tita e Lico caíam pelas pontas, porém voltavam para executar funções defensivas.

1983 - Tita e Lico foram substituídos por Élder e Júlio César. O centroavante era Baltazar. Robertinho, ponta autêntico, por vezes substituía Élder, tornando o time ainda mais ofensivo.

1987 - Andrade, Aílton e Zico no meio; Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho. Zinho caía pela ponta esquerda, mas compunha o meio executando funções defensivas, e Renato, apesar de se movimentar bastante, atuava mais pelo setor direito.

1992 - Uidemar, Júnior e Zinho; Júlio César Imperador (Paulo Nunes), Gaúcho e Nélio. Os "pontas" tinham funções ofensivas e defensivas, no esquema mais próximo do autêntico dentre todos os mencionados.

2009 - Aírton, Willians Maldonado e Pektovic; Zé Roberto e Adriano. Originariamente um "volante", ofensivamente, contudo, Willians se transformava em um ponta e ainda "fechava" o setor direito, e Zé Roberto atacava pelo setor esquerdo e voltava para executar funções defensivas. No papel um 4-4-2 que, na prática, ofensivamente, transformava-se em um 4-3-3.

Em muitos dos exemplos mencionados ocorria o mesmo: defendendo, aparentemente tinha-se um 4-4-2 ou mesmo um 4-5-1, mas ofensivamente, na prática, tinha-se um 4-3-3. 

É fácil perceber que o esquema dá certo no Flamengo. Aliás, como disse o amigo Guilherme de Baère, esse é "o esquema do Flamengo", algo em que eu também acredito.

E você? Prefere outro esquema para esse elenco? Escalaria o Flamengo de outra forma? Dê a sua opinião.

Bom dia e SRN a todos.


* Na imagem, o esquema de 1981 por Lucas Imbroinise