segunda-feira, 23 de julho de 2012

O King Kong e os "Donos do Time"

Buongiorno, Buteco! Bem vindos à realidade do seu time. Fechada a janela de transferências para os clubes brasileiros, enquanto compradores, mas não como vendedores (jamais entenderei por que a CBF permite esse desequilíbrio), o elenco do Flamengo é esse que todos nós já conhecemos, faltando apenas a estreia do volante paraguaio Cáceres, que com certeza trará algum ganho, embora nada de excepcional. Não há mais como mudar qualitativamente o elenco, ao menos de forma significativa, via mercado nacional. Mesmo que fosse possível, a Diretoria não inspira confiança alguma: o "dono" do clube, Michel Levy, viajou para a Argentina na semana de fechamento da janela de transferências. Acredite em coincidências quem quiser. A presidente viajou a Londres para acompanhar os Jogos Olímpicos. O diretor de futebol, Zinho, menosprezou publicamente o argentino Riquelme (um tremendo babaca e bundão, diga-se de passagem), ao qual atribuiu a falta de atributos e características fundamentais para jogar no clube; em resposta, no momento crucial, o argentino devolveu a gentileza dizendo-se assustado com o nível técnico do time, tirando o corpo fora. Mas pior ainda foi o caso de Diego "Cachete" Morales, a quem Zinho, primeiro, disse que era a terceira opção, depois disse que não conhecia, mas que, nos últimos minutos, tentou comprar pelo dobro do preço pelo qual o mesmo jogador havia sido oferecido há cerca de um mês atrás. Levou outro não como resposta porque o atleta havia sido vendido menos de 24 horas antes. O mesmo Zinho que tentou trazer Diego dizendo à Volkswagen alemã, dona do Wolfsburg, clube ao qual Diego está vinculado, que pagava a metade, e que o restante seria pago pela própria Volkswagen (uma pérola!) em troca do espaço master em publicidade no Manto Sagrado, espaço esse que, desvalorizado, a "Diretoria" só conseguiu preencher por alguns míseros meses em quase três anos de mandato. E quase todo o tempo da janela foi gasto na caça a este unicórnio...

Não se pode mais falar em mico; já podemos falar em King Kong. Eu mesmo mandei meus "tweets" pedindo o impeachment da Patrícia Amorim, mas sinceramente acho que a prioridade, agora, é garantir a permanência na Série A/2013. O clube, sob a direção de Patrícia Amorim, não traz estabilidade para que ambicionemos algo além disso. A instabilidade provocada pela caótica Presidente e sua "Diretoria" é tamanha que os reflexos sobre o grupo profissional são inevitáveis. Temo sinceramente que a mistura disso com a juventude de alguns atletas, a incompetência de outros e a arrogância de alguns que se julgam donos do clube, dos quais a maioria, veterana, está inclusive "ultrapassada", possa causar um desastre. Eu realmente não subestimo essa combinação. 

Dentro desse contexto, então, para mim, sem os reforços para a zaga, armação e ataque (companheiro para o Love), o Flamengo hoje tem elenco para não cair para a Série B e, com um bom planejamento tático, beliscar uma vaga na Copa Sul-Americana/2013, o que, convenhamos, não é tarefa das mais difíceis. Um excelente treinador poderia fazer mais, pois o futebol brasileiro está nivelado em um patamar baixo em parâmetros técnicos, mas é nesse ponto que, correndo o risco de ser repetitivo, peço a atenção dos amigos para o contexto caótico e instável que vive o clube. O pior de tudo é que, até no assunto da escolha do treinador a "Diretoria" e Zinho não conseguiram chegar a um acordo ou a uma decisão correta e estão até agora insistindo na boçalidade que foi a contratação de Joel Santana para substituir Vanderlei Luxemburgo.


Soma-se a isso a tendência histórica no clube de diretores terem dentro do elenco profissional seus "protegidos", que por isso sequer podem sair do time, engessando o trabalho dos treinadores. O caso de Renato Abreu é emblemático: o Flamengo contratou um jogador eleito duas vezes melhor do mundo a peso de ouro, mas o esquema tático, durante toda a sua passagem, teve que ser adaptado para Renato Abreu poder jogar de forma confortável no time e não ser exposto. Agora Renato Abreu divide seu reinado com Ibson, que passou a ser o novo "dono" do time, desfilando seus passes irresponsáveis de calcanhar em campo e sendo tratado como craque que nunca foi e nunca será.


Prognóstico


Analisando a tabela, hoje, temos um quadro bem interessante: projetando as próximas rodadas, Santos, semifinalista da Libertadores, e Corinthians, campeão, deverão logo nos ultrapassar; à nossa frente, nada além da Ponte Preta, sendo otimistas, ou alguém ainda vê o Flamengo jogando no mesmo nível de algum dos clubes que ocupa posições na parte de cima da tabela? Abaixo, temos Náutico, Sport, Figueirense, Portuguesa, Coritiba, Palmeiras, Bahia e Atlético/GO, dos quais os finalistas da Copa do Brasil deverão apresentar uma significativa melhora de rendimento ao longo da competição, o que já começou, no caso do Palmeiras.


Os fatos hoje levam o Flamengo a se mexer para não entrar no "campo gravitacional" da Zona do Rebaixamento.


Repito que a análise leva em conta o panorama atual, com Joel Santana ou outro de igual ou pior nível à frente do elenco e com o tratamento que se dá aos "donos do time".

O que eu faria?

Bem, se eu fosse o Zinho, eu seria uma enceradeira, então prefiro não analisar as coisas sob esse ângulo, mas sim dizer o que faria se estivesse ocupando o cargo dele. Tomaria basicamente quatro atitudes: a) demitiria imediatamente o Joel Santana e escolheria no mercado internacional o melhor treinador disponível. Não um qualquer, mas o melhor. Marcelo Bielsa ou Jorge Sampaoli, por exemplo; mas alguém desse nível; acaso não fosse possível ou não encontrasse alguém disponível, seria o Dorival Júnior; b) daria respaldo ao treinador para barrar ou afastar, conforme a evolução dos acontecimentos, os "donos do time", os jogadores com status de insubstituíveis e que hoje não merecem a condição de titulares; c) blindaria completamente o elenco e as categorias de base de influência de qualquer diretor, não importa a patente, adotando unicamente o critério de mérito e afastando qualquer influência externa nas escalações, e last, but not least, d) acionaria todos os olheiros do Brasil atrás de dois zagueiros, porque com essa zaga não dá.


O que eu faria? (2)


Se eu fosse o treinador, montaria um esquema tático em torno do único jogador acima da média que o Flamengo tem hoje: Vagner Love. Não digo nem que seja craque, mas é o único jogador de nível internacional que o Flamengo tem hoje, acima da média. O esquema seria todo voltado para que o maior número de jogadas possível fosse criado para que esse jogador finalizasse a gol. Esse esquema teria que ser ofensivo e conteria no mínimo um meia armador. Privilegiaria a posse de bola ao invés de se defender de quem a tem. Hoje, o Flamengo joga para satisfazer a obsessão de seu treinador por volantes, ainda que quem não seja volante tenha que atuar nessa posição, e num esquema montado para proteger os "donos do time", um como protagonista (Ibson), outro para que possa estar em campo sem dar vexame (Renato Abreu). Esses jogadores, com a mais absoluta certeza, atualmente rendem menos dentro de campo do que jovens como Adryan, Mattheus, Camacho, Muralha e Luiz Antonio.

Cruzeiro x Flamengo 


Justiça seja feita, o time não mereceu perder e jogou melhor do que o adversário. Entretanto, tal se deu muito mais por deméritos do Cruzeiro do que por alguma evolução visível do Flamengo. O time continua sem armação no meio, em razão da insistência de Joel em privilegiar os "donos do time" - Ibson e Renato Abreu -, e não tem uma jogada ensaiada sequer. Nenhumazinha. A opção por Renato Abreu ainda enfraquece o lado esquerdo da defesa no aspecto defensivo, já que Ramon está sem ritmo de jogo e até aqui tem se apresentado bem ofensivamente, mas mal na defesa, e Renato não tem capacidade de marcar sequer a própria sombra. O Cruzeiro marcou seu gol exatamente porque Ramon deixou o cruzamento ser feito, Renato não estava lá para ajudar a fechar o lado esquerdo da defesa, por pura falta de condições físicas para tanto, e Paulo Victor saiu literalmente "caçando borboletas", propiciando a Borges marcar o gol em jogada de oportunismo.


O destaque do Flamengo, na minha opinião, foi Adryan, injusta e covardemente substituído. Amaral surpreendeu como volante no lugar de Aírton. Ibson jogou o de sempre: correu o campo todo de forma errática, roubou bolas importantes, mas ao mesmo tempo deu passes de calcanhar desnecessários e irresponsáveis e ainda tentou jogadas difíceis com passes longos que estão além de sua capacidade, como se fosse um "maestro" o próprio dono do time. Culpa do treinador que tem meias no elenco mas os deixa no banco de reservas ou os escala fora de posição para privilegiar o seu protegido querido, que não joga nem a metade da bola que pensa que joga.


Vagner Love perdeu dois gols incríveis? Sim, perdeu. Está em má-fase? Sim, está, mas isso é reflexo do esquema e da forma pela qual o time é armado. Foi ele o primeiro a ter a coragem de dizer que o elenco tem os meias armadores, que são porém mal utilizados. Love tem todo o meu apoio, até porque Flamengo sempre foi sinal de gol, alegria e futebol ofensivo. O contrário da história de Joel Santana.

Faxina já! Fora Joel! Abaixo os "donos do time"!

Bom dia e SRN a todos.