terça-feira, 24 de abril de 2012

New Deal, Now! - Parte III: Elenco


Formação de elenco, escolha do treinador e dos jogadores costuma ser a parte mais difícil de ser feita e deve ser executada, não para uma temporada, mas para um prazo médio de 3 ou 4 anos, assim, com o planejamento correto, ficaria mais fácil para que o clube chegue e permaneça no topo, sempre disputando títulos. Em todo este período deve existir uma boa estrutura fora de campo, tanto material, quanto humana (CT e Profissionais) e o bem estar do atleta deve ser considerado para que o mesmo renda sempre, preocupando-se apenas em executar seu trabalho. Outras preocupações são com a condução do elenco e dos profissionais que fazem parte, desde o diretor principal até o massagista, passando pelos atletas, devendo-se ficar claro que ninguém é maior que o clube, todos são funcionários, parte do espetáculo que é o futebol contemporâneo. As medidas relacionadas aos contratos ficaram explicitadas no post anterior. O primeiro passo na formação de elencos vencedores seria a contratação de uma comissão avaliadora de rendimento, explicada também no post anterior, e em segundo lugar a contratação de atletas, considerando o aproveitamento e formação das categorias de base, e em terceiro lugar a contratação do treinador, este o mais importante, porque é ele que finaliza ao trabalho, dando padrão de jogo a uma equipe que se almeja competitiva, trabalhando física, tática e tecnicamente.

Treinador
A escolha dos treinadores é a pior coisa que pode acontecer a um clube de futebol, porque sempre se apresenta ruim do modo que é feita no futebol em geral. Deve-se considerar que trocar de treinador desperdiça dinheiro e tempo durante a temporada, jamais permita que isso aconteça! Para tanto contrate certo, acredite no trabalho do contratado e sustente pressões externas. O melhor a se fazer são contratos anuais, eles preservam ao clube impondo uma lógica, assim o treinador chega dentro da mesma e não o contrário. Novos treinadores tentam imprimir um novo estilo de comando, contratando a novos jogadores ou utilizando os “conhecidos”. Pior fica quando dispensa as contratações do anterior, por preço inferior ao “normal” do mercado, e isso é dinheiro jogado fora, geralmente muito. Reformular a esmo nunca é bom para os cofres, as mudanças devem ser graduais, pois geram custos desnecessários para o clube.

Segundo o livro Soccernomics, futebol é o pior negócio do mundo, e a escolha do treinador é a parte que consolida esta afirmação, pelos exemplos citados acima. O livro simplifica com estes exemplos: os treinadores atuais (em geral, utilizam métodos absurdos e as vezes ilegais (relação com empresários); geralmente os mais incompetentes são escolhidos; são sempre contratados na correria sem tranquilidade para quando o profissional é entrevistado, observado, inquerido, selecionado sempre superficialmente; não precisam de qualificações profissionais, pois não há tanta renovação, sendo esta lenta e descreditada; é mal qualificado inclusive quando tem qualificações (Joel rei do Rio); está sempre disponível, mesmo quando empregado; ou tem uma estrela, ou é uma estrela, atributos ligados a sorte ou situações conjunturais; algo à discordar? Por conta disso os elencos são sempre ruins e a culpa é sempre colocada no treinador anterior que formou aquele elenco, nunca ou quase em quem contrata.

O funcionário deve se adaptar à politica empresarial, no futebol é o inverso, os treinadores chegam é fazem “revoluções” com contratações a torto e a direito. Meu exemplo de futebol ofensivo e vistoso hoje, mais barato do que Joel Santana, é o argentino Marcelo Bielsa e seu Atlético de Bilbao. Outros nomes seriam Jorge Sampaoli na Universidad de Chile, (que ainda está barato e pode renovar, oxigenar ao estilo de jogo, desde que se tenha paciência na diretoria) e o meu predileto e certamente o mais difícil, o treinador da seleção do Uruguai, Oscar Tabarez que fez este trabalho na seleção e poderia realizar o mesmo no Flamengo inclusive nas categorias de base, na formação de atletas.

Elenco
Para a formação de elencos vitoriosos vou comentar alguns tópicos de exemplos dados no livro, com os quais concordo plenamente, e mesmo que eles sejam “controversos”, deveriam no minimo serem discutidos. De fora é difícil enxergar algo próximo no Flamengo, até porque a “tal” comissão de contratação não existe. Observando:
  • Contratar no meio da temporada é mais barato, pois os valores na pré-temporada são superestimados;
  • Contratar apenas para reposição de jogadores que provavelmente irá perder, antecipar-se ao mercado;
  • Pesquise, use o mercado para saber onde estão as melhores ofertas, saiba ouvir ao que ele indica, ouça aos burburinhos sobre jogadores de centros menores e chegue antes;
  • Astros de campeonatos importantes são muito caros, onerosos aos cofres e nem sempre dão certo (Ronaldinho e Adriano ou destaques de Champions League, Libertadores, Mundiais...);
  • Pesquise e confie nas estatísticas, compare dados, assim fica fácil preparar a saída de um atleta que tenha caído de rendimento sem desvalorizá-lo;
  • Substitua seus melhores jogadores antes de vendê-los, prepare a transição. Melhor exemplo Ronaldinho/Messi;
  • Jogadores de ataque são sobrevalorizados, se for optar contrate jogadores de defesa e forme atacantes, valorize os atacantes de sua base, por uma melhor formação e garantia de longo prazo, estabilidade, plano de carreira de produtividade para seus atletas;
  • Certas nacionalidades ou lugares são sobrevalorizados (jogadores brasileiros e argentinos, internamente os grandes clubes de RJ, SP, MG e RS), busque jogadores em centros menores, mais barato e menos custoso. Tente encontrar talentos em estados de menor força ou até países com menor tradição como alguns africanos, Bolívia, Venezuela entre outros que são desprezados e desconhecidos dos clubes brasileiros. Espalhe os olheiros! Um exemplo positivo foi Shinji Kagawa, japonês do Borussia Dortmund, que foi comprado por 360.000 Euros e hoje tem o valor de mercado de 12 Milhões de Euros;
  • Jogadores mais velhos são sobrevalorizados, busque jogadores que não atingiram ao seu ápice. O melhor momento para comprar jogadores é quando tem 20 e poucos anos. Um bom exemplo é Elkesson ex-Vitória da Bahia, hoje Botafogo. Novo, com grande potencial o oposto de Ronaldinho e Adriano, sobrevalorizados e onerosos;
  • Venda no momento certo. Isso é tão importante quanto contratar. Desde que o clube interessado ofereça mais do que o atleta realmente valha. Para isso é importantíssima a já falada, comissão de contratação e avaliação de rendimento, acima da comissão técnica. Saiba quanto seu jogador vale no mercado, pesquise muito ao mercado de atletas para saber quanto vale cada peça de sua equipe. Exemplo a não venda de Diego Maurício para a Ucrânia, por 6 milhões de Euros (em seu lugar foi Dentinho do Corinthians);
  • Meias e atacantes atingem seu pico de rendimento geralmente até os 29 anos de idade, laterais até os 27 (Léo Moura é exceção), zagueiros podem jogar até os 35, pois atingem o máximo da maturidade, desde que estejam bem fisicamente. Lógico que existem exceções, e são geralmente nas exceções que o futebol trabalha, quase nunca pela regra, isso é pouco efetivo e nada lucrativo, porque os jogadores mais velhos são sobrevalorizados demais, exemplo R10;
  • Ajude a seus jogadores recém contratados a se adaptarem ao seu clube, a cidade, facilite a adaptação. Grandes clubes europeus ainda erram neste aspecto, acreditem. Existem ferramentas para neutralizar o fato, como contratar um consultor de adaptação. Vocês sabiam que existe um congresso na Europa para consultores de adaptação de atletas? A função deles é deixar o atleta apenas preocupado em jogar futebol, mas são poucos Lyon e PSV tem e os poderosos Real Madrid e Chelsea, não tem. Hoje entendo porque atletas excelentes não rendem tão bem nestas equipes (Robinho, Robben, Van der Vaart e Sneijder no Real Madrid). Adaptação é investimento, não custo! O Flamengo demonstrou isso com Maxi Biancucci, “El tigre” Ramirez, Fierro, que não conseguiram render, até Botinelli e Maldonado. Todos poderiam ter tido melhor sorte aqui;
  • Eventualmente (EVENTUALMENTE!), contrate jogadores problemáticos, mas ajude-os a resolver seus problemas. Este atleta deve ser contratado para somar tecnicamente ao grupo, e nunca deve vir para ser a solução dos seus problemas (alguma semelhança com o Adriano?), pois são mais baratos e a equipe cresce técnica e comportamentalmente, já que tem um “mal exemplo” para não ser seguido.
Formação do elenco e pitacos para o futuro
Para finalizar e não ficar em cima do muro (mais uma vez), vou “pitacar” sobre a formação de um bom elenco, sem que se gaste muito, como tudo aquilo que expliquei nos três textos, para o médio e longo prazo. Penso que com o final do contrato de muitos atletas, será muito mais fácil a reformulação para o ano que vem, e se ela for iniciada neste ano ajudando a adaptação dos jogadores ao clube e as novas políticas facilitariam as ações. Bons exemplos de renovação são o famoso Barcelona, de longuíssimo prazo e o do Borussia Dortmund, feita este ano com peças jovens. Às pequenas sugestões:
  • Lateral-direito Jonas do Coritiba, jovem e ainda barato, podendo contribuir no médio prazo; para a Lateral-esquerda Avine do Bahia, vem de centro menor e pode crescer; Para a Zaga Emerson do Coritiba, Rodolfo do São Paulo e Vitorino do Cruzeiro, experientes, e ainda não tão valorizados; Para volante Guilherme da Portuguesa, muito assediado pelo Corinthians, o Flamengo poderia atravessar esta negociação, e, Marcelo Diaz da Universidad de Chile; Para a meia Gustavo Lorenzetti da Universidad de Chile, barato e em idade que pode contribuir por anos ao clube; E para o ataque uma pechincha, Pablo Zeballos do Olímpia, barato goleador e exímio cobrador de faltas.
Os novos contratos, todos por produtividade e de “risco motivacional”, por títulos e prêmios. Precisamos de um novo Flamengo, de cima para baixo, de fora para dentro, porque dentro parece que está ruindo.

Ubique, Flamengo!
Somos Flamengo, Vamos Flamengo!