Num dia como hoje, eu gostaria de ser um daqueles torcedores comuns, que ignoram o dia a dia do clube e os motivos que o levaram a mais uma eliminação patética de uma competição continental. Tais torcedores comemoram intensamente as vitórias do clube e hoje enfrentarão as zoações dos adversários com a altivez e o orgulho de verem o Flamengo sendo eliminado após uma vitória categórica e uma infeliz combinação de resultados. Lembrarão aos seus assim chamados "rivais" que o motivo da sua felicidade é ver um time maior que o deles fora de uma competição dura, eliminado não por eles, que suam sangue para vencer o Flamengo - quando vencem - mas para seus próprios erros dentro e principalmente fora de campo.
Mas infelizmente, assim como a maioria dos frequentadores deste Buteco, eu abri mão de ignorar a falta de organização, comando e planejamento do Flamengo. Não posso ignorar o fato de que o Flamengo perdeu 2 pontos em casa nos 10 minutos finais de um jogo que vencia por 3 a 0 e cansou após ter jogado 50 minutos de um clássico irrelevante com um jogador a menos ao invés de poupar os titulares. Não posso deixar de lembrar que mesmo após esse desastroso resultado, os mesmos titulares foram para Macaé 2 dias depois e viajaram em seguida para o Paraguai para novo jogo extenuante. Poupar jogadores sequer foi considerado pela direção do clube e após a derrota em Assunção, nova viagem para Volta Redonda, onde novamente um jogador foi expulso no 1o tempo obrigando o time a correr muito mais do que o necessário 2 dias antes de outra partida decisiva pela Libertadores. A previsível derrota para o fraquíssimo time do Emelec aconteceu, como esperado, no final do jogo quando o time já estava cansado pela maratona de jogos e viagens e após uma sequência inacreditável de substituições do treinador. Quando a eliminação já era iminente, eis que surge a inspiração e resolvem fazer uma concentração de dois dias para outro clássico irrelevante, mostrando que a prioridade do Flamengo sempre foi o Campeonato Estadual. O epílogo dessa triste história era esperado: após 5 dias de descanso e treino, sem a necessidade de uma viagem, o Flamengo jogou bem, aguentou a partida até o final e venceu seu jogo, mas foi eliminado, não pelo sensacional resultado obtido pelos equatorianos em Assunção, mas pelo seu completo despreparo e desrespeito por aquela que considero a competição de clubes mais difícil do mundo.
Os argentinos se referem com respeito ao troféu "La Copa se mira y no se toca." É um troféu destinado aos gigantes do futebol sul-americano, que precisam enfrentar estádios pequenos, campos ruins, condições climáticas adversas e por vezes extremas, longas viagens e arbitragens caseiras e com critérios infefinidos. O Flamengo de Joel não está a altura da Copa e não demonstrou o mínimo interesse em vencê-la. Talvez por isso foi o primeiro brasileiro a ficar fora da disputa.
abraços a todos.
SRN
