segunda-feira, 24 de outubro de 2011





Essa gatinha da foto chama-se Naná. Bom, eu a chamo assim. Naná é nossa afilhada, minha e da minha esposa, e é muito esperta. Tem três anos de pura sagacidade infantil. Consegue falar e prestar atenção, ao mesmo tempo. Com cidadania rubro-negra, sabe que quando eu fico bolado com as travessuras dela, é só chegar perto de mim, e mandar: "Gol! Mengô!". Quando pinta o sete todo borrado, vai na sua casa, no andar de cima do prédio, veste o manto sagrado e acessórios, chuteira e tudo! E desce, com essa carinha de china, limpando qualquer barra que tenha pintado sujeira. É uma criança feliz, e tornou-se rubro-negra. Porque viu em nossa família a manifestação espontânea de ser Flamengo.
Ser Flamengo é a maior vitória que um torcedor pode obter. E esse dom deve ser passado àqueles que nos são mais queridos, e chegados.
A torcida do Flamengo cresceu assim, no meu entender. A paixão pelo Rubro-Negro foi-se alastrando, concebida nos corações puros e verdadeiros, pela força e encanto da sua energia mística. Antes, mesmo, do vitorioso time da geração de Zico e companhia, já éramos considerados o décimo segundo jogador que entrava em campo, moral e metafísicamente, para transformarmos, com a alquimia do amor e da raça rubro-negra, os resultados que apresentavam-se de prognóstico adverso.
Muitos torcedores rubro-negros tiveram a sua paixão despertada, e aumentada, por perceber no flamenguista ao lado, na casa, na rua, no trabalho, em qualquer lugar, aquela fibra de campeões que contrasta com as dificuldades mais ferrenhas. Quanto maior é o desafio, mais o flamenguista ama o Flamengo! Fábio Luciano teve, em meio a uma reportagem no campo, a visão da Alma Rubro-Negra em todo o seu esplendor, e interrompeu a entrevista para extasiar-se com o maior espetáculo da Terra! Creio que todos nós lembramos dessa passagem do capitão, maravilhado com a Nação, em um só coração. Como explicar tão estupenda revelação em uma fração de segundo? Porquê o flamenguista acredita, quando todos os outros jogam a toalha? Porquê transcendemos o que aos outros deprime? Vai ver, é porquê o urubú voa.
Estamos entrando na reta final do Campeonato Brasileiro, com dificuldades enormes para não deixar os líderes escaparem pela ponta, pela agulha da seringa. Nosso treinador insiste em manter o time sob um cabresto curto, que não combina com o nosso puro-sangue rubro-negro. A torcida quer o time empinado para cima dos adversários, com as chuteiras afiadas em direção ao oponente, sem qualquer sombra de medo. Não da forma selvagem como fez o Airton, mas sim, com toda a audácia e confiança como partia o menino Tomás pra cima dos santistas. Pode ser?
Nosso time precisa de sangue novo, jovem, correndo pelas fibras do manto, que façam pulsar no coração rubro-negro a vontade, recuperada, de vencer. Como pode o Luxemburgo afirmar, em uma de suas sandices, que o Neymar precisa apanhar para crescer, enquanto o Tomás(h?), um ano mais novo do que o craque santista, não tem nem chance de entrar em campo para jogar, e crescer?
Nossas dificuldades estão nos métodos do nosso banco. Mas, em campo, joga o Flamengo. E aí, marajá, é que a gente entra para modificar (transformismo é coisa de tricolor) o bizú ao nosso favor, do lado certo. Torcida não ganha jogo, mas ajuda a ganhar. Eu acredito que, se a Nação formar, acima de todos os planos secundários, o time pode ganhar uma motivação extra, rebelar-se contra a culhoneira da castidade dos empates, imposta pelo técnico, e partir selvagem em um galope, levantando poeira rumo à conquista do título.
SRN a todos os flamenguistas! Estamos juntos!