Buon Giorno, Buteco! O Flamengo vive, nos dias de hoje, tal como na época da Inquisição, a sua Era das Trevas. Uma época de total descompromisso com a História, com os símbolos do clube e sua torcida. Tal como a Inquisição, que queimava os livros que traziam conhecimento que arbitrariamente os donos da Igreja de então consideravam inapropriado, os correligionários da presidente Patrícia Amorim, hoje, julgam-se com poder e discernimento para saber qual parte da história do Flamengo as pessoas devem se importar. Com o projeto de Wanderley Luxemburgo fazendo água no Departamento de Futebol, o presidente do Conselho Fiscal, e sob os olhos complacentes da presidente do clube, Patrícia Amorim, resolveu atacar a História do clube e, como se representasse a torcida ou tivesse alguma legitimidade ou propósito para balbuciar tanta asneira, grasnou que o clube deveria superar e esquecer a geração de 1981, bem como que os dois maiores exponentes daquela equipe estariam com "inveja" do sucesso de Ronaldinho Gaúcho. Não vou nem entrar no mérito do quão absurda e surreal é a cogitação de inveja que Zico e Júnior poderiam ter de Ronaldinho Gaúcho com a camisa do Flamengo, seja pela condição de torcedores que sempre demonstraram, seja pelo que ganharam com a camisa do clube e o que o Ronaldinho, esperamos, ainda irá ganhar. O curioso é que não é a primeira vez que Zico é atacado dessa forma na gestão de Patrícia Amorim. Todos se lembram das declarações do mesmo presidente do Conselho Fiscal a respeito de suposto envolvimento de um dos filhos do Zico com negociações de jogadores do clube e do desmentido, da "pipocada" no momento de prová-las, em juízo.Patrícia Amorim entrará para a história como a presidente que atacou a história do Flamengo, pois é isso que está ocorrendo no clube em sua gestão, de forma sistemática e ordenada. Percebam o que isso significa: não estou alçando o cidadão Arthur Antunes Coimbra à condição de alguém acima do bem ou do mal. Mas o Zico, jogador de futebol e ídolo da maior torcida do mundo, a sua obra com o Manto Sagrado, ah, sem dúvida ambos estão. Se o primeiro houver, após sua aposentadoria como jogador, cometido algum erro, que pague por isso, mas atacar a história do futebol rubro-negro dentro de campo, bem, isso é coisa de quem não conhece o que é o Flamengo e nem o que significa ser o Flamengo, ou, se conhece, com isso não se importa. O curioso, nisso tudo, é que não se vê inquérito algum desse Conselho Fiscal chegando a alguma conclusão respaldado em evidências, em provas, em algo que possa robustecer o que vez por outra pipoca pela imprensa de forma deletéria à imagem do Zico.
Fico a imaginar um cenário desses no Real Madrid tendo por alvo Santiago Bernabéu; no Bayern de Munique tendo por vítima Franz Beckenbauer; e assim por diante... Mas vamos falar um pouco de futebol... Infelizmente...
As Trevas Dentro de Campo
Em campo, ontem, no primeiro tempo, o retrato das trevas dentro do clube materializado numa atuação caótica, bisonha, desordenada e confusa. O Botafogo poderia ter decidido a partida no primeiro tempo, não fosse o excelente senso de colocação de Felipe debaixo da baliza e suas ótimas defesas. O Flamengo foi envolido de tal forma que fica difícil destacar algo, seja de forma positiva ou negativa. Fico apenas com o esforço de Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves, isolados no meio de tanta mediocridade. E veio o intervalo.
Meus caros amigos do Buteco, eu não sei o que o Luxemburgo aprontou no intervalo, mas que ele acendeu o time, acendeu. Com isso eu não quero dizer que estou satisfeito com o que vi no segundo tempo, claro que não, mas que o Flamengo partiu pra cima do Botafogo e o encurralou, ah, isso aconteceu. Fato. E assim o gol saiu, como a virada também poderia ter saído. Mas tristes são as agruras do destino e, quando a vitória lhe acenava como uma possibilidade, Luxemburgo dela desdenhou, apegando-se aos seus três volantes obtusos de modo tacanho até o final, permitindo ao Botafogo o reequilíbrio emocional, tático e a voltar a medir forças com o Flamengo na partida.
No final das contas, cada vez mais concluo que o Leonardo Moura joga quando quer, motivo pelo qual gostaria de vê-lo longe do Flamengo no final do ano. Ora, alguém consegue me explicar como alguém oscila de boa para má-fase dessa forma, dentro de um campeonato, dentro de um turno, dentro de uma partida? O que sei é que, quem sabe motivado pelo desafio de enfrentar o mais novo lateral "selecionável", ao menos na primeira metade do segundo tempo, Leonardo Moura jogou muito, como nos velhos tempos, como no primeiro semestre. Estava mesmo jogando "no sacrifício"? Quem quiser acreditar, que acredite. Eu não acredito.
O meu ponto é que, mesmo com um esquema que considero obsoleto, falido, covarde sob vários aspectos, protecionista (a alguns jogadores, como Renato Abreu, o "insubstituível"), o fato é que o Flamengo se comportou com uma energia, com uma postura, no segundo tempo, totalmente diferente do que vinha mostrando até aqui nas últimas partidas. Prova de que no clube não há dirigentes capazes de enxergar o óbvio e cobrar postura profissional e digna do grupo de jogadores, que é tão responsável, por sua falta de profissionalismo (para ficar em palavras amenas), como o treinador teimoso e cego pela sequência sem vitórias.
É de se lamentar a profunda covardia do treinador que preferiu um empate após oito partidas e não arriscou uma formação mais ofensiva para vencer a partida no final. É a própria personificação das trevas que reinam no clube hoje no comando do futebol profissional, a frieza diante do vexame de não vencer há nove jogos. As trevas se completam com a vergonha que se abate sobre um grupo de jogadores que, por razões não esclarecidas, perdeu o foco num campeonato no qual estava disputando a liderança e, após perder 23 pontos em 27 disputados, carrega o vexame de deixar o Flamengo nove partidas seguidas sem vencer. São merecidamente objeto de chacota dos adversários. O problema é que a torcida não merece igual destino.
Apesar de reconhecer a melhora do time, não foi o suficiente. Não foi para mim. Eu esperava um pouco mais de entrega, especialmente no segundo tempo, quando o time resolveu deixar a "má-fase", vamos dizer assim, e jogar um pouquinho de bola. A decepão continua, pois agora são NOVE jogos sem vitória.
A covardia, o vexame e a vergonha durarão uma décima partida, contra o Atlético Mineiro?
U Can't Touch This
Bom dia SRN a todos.
