segunda-feira, 25 de julho de 2011

O Estranho Caso do Treinador e do Monstro

Buon Giorno, Buteco! A semana começa com a ressaca de um frustrante empate em casa contra o modesto Ceará, pela 11ª Rodada do Campeonato Brasileiro. A frustração é grande porque, apesar dos sérios desfalques, o Flamengo, durante razoável parte da partida, principalmente no primeiro tempo, comportou-se dignamente, de forma ofensiva, dominando as ações, e, se não se apresentou de forma que possa ser definida como memorável, ao menos o fez de modo autêntico, honrando a tradição do Manto Sagrado. Tudo indicava que o Flamengo sairia de Macaé com três pontos, mas o seu treinador, infelizmente, é um sujeito capaz de tomar atitudes tão antagônicas durante a mesma partida que nem parece ser a mesma pessoa. Robert Louis Stevenson, escritor escocês do Século XIX, foi o autor da célebre obra "The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde" ("O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde"), e idealizou a existência de duas personalidades completamente diferentes dentro de uma só pessoa: uma boa, produtiva; outra diabólica, destruidora. Assim pareceu ser o treinador Luxemburgo no sábado, ora contruindo algo notável em meio a circunstâncias bastante difíceis, ora destruindo seu próprio trabalho de forma inexplicável.

No primeiro tempo o Flamengo teve um destaque: o jovem Luiz Antônio. Acredito que a boa atuação da equipe e a supremacia no meio de campo devam ser atribuídas a essa atuação destacada do rapaz. Em tese, o Flamengo entrou em campo com três volantes, tal como contra o América/MG em Sete Lagoas: Willians, Renato e Luiz Antônio. Exatamente a mesma formação. Entretanto, ao contrário do que ocorreu naquela partida, no último sábado à noite, em Macaé, o Flamengo foi senhor absoluto das ações durante o primeiro tempo, quando Luiz Antônio jogou como meia, adiantado, e, apesar da atuação fantasmagórica e apagada de Bottinelli, seu companheiro de meio, tomou a iniciativa das jogadas e levou o time à frente. Aqui o treinador Luxemburgo merece todos os elogios, seja pela forma que o time entrou em campo, seja pela escolha da utilização do Luiz Antônio, revelação trazida da base por ele. Deixo bem claro que não estou iniciando aqui um "Luiz Antônio é seleção" ou algo do gênero; o ponto é: ele jogou muito bem, adiantado, como meia ofensivo, ao contrário do que ocorreu contra o América/MG, e o time do Flamengo conseguiu sair de campo com 1x0 no marcador, graças ao nosso "Artilheiro do Século", Renato Abreu, que jogou bem posicionado como volante, só saindo na boa, na hora certa, como no momento do gol, no qual, sozinho na grande área, arrematou para cravar 1x0 de pé direito.

Luiz Antônio, no primeiro tempo, teve a ajuda de Diego Maurício, que, longe de fazer uma partida brilhante, foi o atacante que deu opções ao meio de campo movimentando-se por todo o ataque, dividindo todas, buscando jogo, tentando também dentro da área, enfim, dando o sangue pela vitória. Seu companheiro de ataque, Deivid, ao contrário, pouco foi notado. O Ceará, no primeiro tempo, pouco atacou, pouco criou, e foi envolvido pela formação ofensiva do Flamengo. Veio o intervalo. O treinador Luxemburgo deixou o comando da equipe e em seu lugar assumiu o Monstro que habita o mesmo corpo. A coisa começou a degringolar, começando pela substituição: o Flamengo tinha dois atacantes em campo: um movimentava-se por todo o ataque e efetivamente incomodava a defesa do Ceará, tendo inclusive criado chances de gol; atende pelo nome de Diego Maurício e foi substituído; o outro, um verdadeiro poste de iluminação pública apagado, um transtorno, não jogou absolutamente nada no primeiro tempo, mas foi mantido em campo., por decisão do Monstro. Para completar, o jovem Vander, que entrou em campo, uniu-se a Bottinelli e começou a assombrar a torcida rubro-negra com um atuação espectral e fantasmagórica, de deixar o Kleberson com inveja.

Mas o Monstro não estava satisfeito; claro que não. Veio então a alteração tática: para que manter o Luiz Antônio adiantado, como meia, se ele estava jogando bem? Tratou de invertê-lo de posição com Willians, que não joga absolutamente nada por ali. Neste momento, voltou ao esquema de três volantes e o Flamengo perdeu o ímpeto da primeira etapa. Depois, não satisfeito, conseguiu piorar ainda mais o rendimento da equipe com uma substituição histórica: tirou um dos fantasmas, Bottinelli, deixando a equipe com quatro volantes (!) e convidando o Ceará para vir para cima. No lugar do argentino, o jovem João Victor, que, como jogador de futebol, nada mais sabe fazer do que marcar, e olhe lá... Pois bem. Convite feito, convite aceito, e o Vovô tratou de fazer a sua "Festa Julina" pela Avenida Leonardo Moura, n.º 2, endereço certo no qual, após receber a "dica" do "fantasma" Vander, foi gentilmente recepcionado pelo porteiro Welinton. Jogo empatado.

A partir daí o treinador tentou retomar o controle, mas já era tarde: João Victor passou a jogar adiantado, tal como Luiz Antônio no primeiro tempo, mas quem disse que ele tem condições técnicas de desempenhar essa função? O menino Thomaz foi lançado no lugar de Luiz Antônio, e, apesar de jovem, teve coragem e tentou levar o time à frente, tendo, a rigor, sido o único a levar perigo ao gol cearense naqueles minutos finais de partida.

O resultado só não foi pior porque o Cruzeiro resolveu restaurar a competitividade do campeonato no final desse domingo; mas fica a preocupação, já que o Treinador parece não se recordar do que faz quando o Monstro está no controle, afinal de contas, teve o desplante de dizer que o time não recuou no segundo tempo.

À torcida do Flamengo só resta perguntar: três volantes até quando?

1992 e a Janela


Há algo nesse ano que me lembra 1992 e obviamente são os jovens vencedores da Copa São Paulo de Juniores. Os jovens Djalminha, Marcelinho, Paulo Nunes, Piá, Nélio, Fabinho, Marquinhos e Luiz Antônio, em 1992, foram importantes na composição do elenco. Nélio, Piá e Paulo Nunes, inclusive, chegaram a ser titulares da equipe campeã.


Esse ano a Diretoria e o Manager não deixaram outra opção, diante da ausência de contratações nesse meio do ano, senão utilizar os garotos, principalmente no ataque, mas eles também serão necessários no meio e na defesa. Alguns, como Galhardo, Luiz Antônio, Muralha, Negueba e Diego Maurício já parecem estar prontos.


Não acho impossível um desfecho positivo, sinceramente; contudo, para tanto, o Monstro não poderá assumir o lugar do treinador.


Homenagem do Dia

Na foto, Muralha, da nova geração vencedora do Flamengo, e "Digo", da nova geração de torcedores rubro-negros.


Bom dia e SRN a todos.