quarta-feira, 29 de junho de 2011

Boca fechada RG. Gostei muito.

Fim de jogo. Flamengo 4 a 1 sobre o Galo mineiro, nos melhores 25' de Ronaldinho Gaúcho com o manto sagrado. Os repórteres adentram o gramado para entrevistá-lo e ele se recusa a falar. Um deles informa que o torcedor flamenguista ficará sem saber o que pensa o jogador. Que bom, penso eu bem alto, já que também não tinha o menor interesse em escutá-lo. Por motivos óbvios e conhecidos, da maioria dos jogadores de futebol boa parte da torcida tem muito pouco a escutar. Há o que "ouvir" com os olhos o que eles têm a "falar" com os pés. E para tudo por aí com o apito final do soprador de plantão, pois pouco ou nada acrescentam, com um microfone na mão, ao que foi visto seja lá o que for. Uma vez assisti uma cena, verdadeira comédia pastelão, protagonizada pelo ex-jogador Edmundo, que corria na frente de um grupo de repórteres com gravadores, celulares, microfones, canetas e caderninhos nas mãos, esbaforidos na tentativa esforçada a fim de alcançá-lo para uma rápida entrevista dentro de um campo qualquer. Surreal a imagem! Acho muito bizarra a gigantesca luta de algumas pessoas para alcançarem o estrelato e depois fugirem da fama, às vezes até de crianças que buscam um simples autógrafo ou uma foto para mostrar aos familiares e amiguinhos da escola e da pelada no campinho do bairro onde moram. Escondem-se como se fossem vítimas do sucesso sonhado e duramente conquistado ao longo de muitos anos na profissão. Pior pra eles. Pra mim, são poucos os Zicos que me detém para ouvir o que têm de bom a dizer.

Da cabeça do Ronaldinho, o máximo que desejo é a antevisão do deslocamento de um companheiro durante um jogo de futebol, como fez nos últimos 25' finais do jogo de sábado, e deixá-lo na cara do goleiro, ou a visão da posição da zaga adversária para encobrí-la e balançar as redes como também fez no gol de empate contra o Atlético Mineiro. As entrevistas são perfeitamente dispensáveis ao conjunto de fatores positivos referentes à sua passagem pelo mais-querido do Brasil.

Voltando para o Brasileirão, logo mais tem novamente um mineirinho, desta vez na Arena do Jacaré, esperando para um jogo cuja vitória pode levar o Flamengo a entrar no G-4 do bem, dependendo dos demais resultados, ou se aproximar bastante do grupo que mantém a dianteira do Brasileirão. Para quem estava na porta do inferno é o céu que se aproxima, mas tem que vencer, o empate só melhor que a derrota no caso.

Que time veremos em campo, o apático da série de empates ou o que terminou de forma brilhante e empolgante a partida de sábado à noite? Desejo muito que o treinador Vanderlei Luxemburgo tenha sintonizado a sua recepção mental no canal telepatia e captado os meus pensamentos no sentido de que "jogar pra frente não dói". Esse sempre foi o espírito dominante e vibrante que deu à nossa torcida alegria e prazer infindáveis ao longo de sua centenária história. Ou não é de extrema beleza ver uma equipe de futebol encurralar o adversário tanto por um lado como pelo outro, com variações do jogo para os meias e destes para os atacantes finalizarem em gol?

Se as modificações realizadas ao longo do jogo e que lograram sucesso não foram causadas por contusões ou por motivos não relacionados às condições técnicas dos substituídos, reza o bom senso que um time que terminou bem uma partida de futebol seja mantido para iniciar o próximo embate, desde que todos os atletas estejam disponíveis para atuar.Assim funciona o processo de melhoria contínua, mas receio que o Luxa entre com mais um volante em detrimento da ofensividade do time, que deveria existir por filosofia de jogar e não um fator relativo à disponibilidade de um ou outro jogador, o que o leva a adiantar o Ronaldinho, que novamente terá que jogar longe da zona de criação, onde até os quero-queros sabem que produz mais, num claro sintoma de que primeiro quer cuidar para não levar gols, para depois marcá-los, ou como prega o Joel Santana: Armar o time a partir da defesa, com muitos cuidados, o que impõe, invariavelmente, a presença de um maior número de volantes no meio de campo. Se ainda fossem volantes do naipe de um Andrade ou de um Falcão eu até gostaria. Estes, para quem não teve a oportunidade de ver, destruíam, armavam e chegavam para concluir com categoria em gol. Ações completamente opostas do que temos e vemos toda hora por aí, com bicões e chutões para frente e para o alto, quando não bisonhos passes nos pés dos adversários, que fazem deles mortíferos contra-ataques pra cima da gente.

E que o Luxemburgo não seja mais um daqueles que escalam mal para substituírem bem e deixarem o estádio consagrados nos braços da torcida.

Enfim, como torcedor, quero bastante que seja qual for a escalação do esquadrão rubro-negro, que vença o melhor, que vença o Flamengo essa partida de hoje à noite na fria Minas Gerais.

SRN!