segunda-feira, 27 de junho de 2011

Alívio

Buon Giorno, Buteco! Um começo de semana com esperança, até que enfim! Há quanto tempo, não é mesmo? Acredito que não há nada melhor do que uma goleada inesperada, daquelas que nem os mais otimiestas calculava que ocorreria, como foi a de sábado à noite. O melhor de tudo é que ocorreu num jogo entre 11x11, sem interferências da arbitragem, sem desfalques de um lado para o outro e entre dois times em posições parecidas na tabela, com o Flamengo, em tese, entrando em campo mais pressionado e em crise. Agora como explicar o resultado após um primeiro tempo em que o Flamengo simplesmente não chegou ao gol do adversário, não fazendo o goleiro galináceo trabalhar? Como explicar a avalanche de gols depois de sair atrás do marcador, utilizando a tática do "arame-liso" (cerca, cerca, mas não agride ninguém)?

A resposta é óbvia: quando o esquema obtuso, "trapattoniano", de três zagueiros e dois volantes, deu lugar a um "normal", não diria nem ofensivo, de dois zagueiros, dois volantes, dois meias e dois atacantes, o time voou para cima do Atlético/MG, marcou quatro gols, depenou o Galo e saboreou uma deliciosa galinhada no sábado à noite. Simples, óbvio, natural. O treinador é um gênio? Não, não é. Longe disso. Se fosse, não teria entrado no primeiro tempo com aquele time. Não são todos os adversários que propiciam as chances de virada como o Galo; não é todo o jogo que poderá ser virado se o treinador der bobeira como fez no sábado.


Muitos podem argumentar que o Luxemburgo só adotou o esquema ofensivo quando o Dorival fez suas substituições, mas o certo é que as substituições do Dorival forçaram o 1x0 para o Galo, certo? E o 1x0 saiu naturalmente, porque naquele momento, no começo do segundo tempo, o Galo mandava na partida.


A partida de sábado deve ser um marco para que o Luxemburgo assimile, de uma vez por todas, que o esquema de jogo desse time é ofensivo, e que os esquemas obtusos que ele vem tentando implementar, com três volantes ou três zagueiros, destroem a equipe ofensivamente e apenas aumentam consideravelmente o risco de derrota.


Destaco a entrada do Negueba no segundo tempo, que foi decisiva. O jovem Luiz Antônio mostrou que merece estar no grupo principal; ótimo passe o do garoto. Promessa de bom volante. Júnior César é outro que merece ser destacado pela boa partida. Quanto ao Deivid, fico feliz pelos dois gols, mas, como todos os outros que marcou esse ano, foram praticamente debaixo da trave. Falta mostrar algo mais. E, sendo justo com o Wanderley, é preciso pontuar que esteve em campo quando o time jogava com três zagueiros e dois volantes.


Ronaldinho


Desde o início da partida, foi possível percebê-lo mais ligado no jogo, mas, enquanto a equipe jogou com três zagueiros e dois volantes, "a la Trapattoni", não brilhou, ao passo que, bastou o Negueba entrar, o time se soltar, e de repente o Ronaldinho se transformou, vindo o golaço e uma belíssima atuação.


Primeiramente, gostaria de destacar que a partida de sábado provou o que eu insistentemente prego aqui no Buteco: o Ronaldinho, se escalado no ataque, para disputar na corrida com zagueiros, laterais, volantes, enfim, se lhe for exigido o despenho da época do Barcelona, quando ele tinha físico e explosão muscular para superar os marcadores na base da força, trará apenas decepção. Em contrapartida, se o Ronaldinho for escalado em um esquema de jogo minimamente ofensivo, no meio de campo, ao lado de volantes que joguem verticalmente, que não errem passes, e tenha atacantes rápidos para lançar, ele fará a bola rolar e se destacará, pois tocará de primeira e terá espaço pra jogar.


Dito e feito: atrás dele, as revelações Luiz Antônio e Renato Abreu (como volante, rsrsrsrsrs, pois nessa posição ele milagrosamente acerta passes) e, ainda, Thiago Neves e Negueba, além do Deivid. Percebam que, se o Flamengo tivesse um centroavante mais rápido do que o Deivid, o placar poderia ter sido mais elástico ainda. Brincadeiras à parte, com o tempo, creio, a tendência é que o Muralha ganhe a posição nesse meio, se o treinador lhe der oportunidades, é claro.


Outro detalhe: no momento em que o Ronaldinho cresceu na partida, Thiago Neves e o restante do time fizeram o mesmo. Foi nítido e automático, espontâneo. Ronaldinho é uma referência para o grupo. Sua liderança é natural, advinda de seu carisma, do seu talento e de sua história no futebol. No momento em que ele deslanchou, o time o seguiu naturalmente.


Então está tudo certo? Tudo bem?


Vamos com calma. Eu não escrevi isso. Não estou cogitando que se esqueça o passado. O ponto é outro: há um contrato em vigor, com valores altíssimos, e por enquanto o objetivo traçado quando de sua celebração está longe de ser atingido em termos financeiros e técnicos. Ronaldinho em má-fase significa prejuízo financeiro e técnico, além de crise. E não pensem que será fácil rescindir esse contrato, pois ninguém abre mão de um salário daqueles à toa. O gesto de reverenciar a torcida após o gol no sábado foi uma prova concreta: o Flamengo contratou um atleta inteligente, que não é do tipo que xinga a torcida e nem faz gestos obcenos, se é que vocês me entendem...


A solução, para mim, é investir no positivo. E o positivo, que é a única forma que levará às vitórias e títulos, passa, ao meu ver, pelo seguinte:


- chega de mensagens via imprensa. Relação patrão/empregado discute-se a portas fechadas. É o velho ditado "roupa suja se lava em casa." E, por sinal, o Assis, irmão do Ronaldinho, não integra a relação de emprego. É bom que a Diretoria do Flamengo não perca a sua autoridade em episódios como esses.


- Luxemburgo. Um treinador que substitui o jogador aos 42 minutos do segundo tempo para que ele seja vaiado não quer investir no positivo, quer incendiar a relação. Fora os problemas já apontados em relação a montagem do elenco e escalação, além de inexplicáveis preterições no grupo, não é essa a forma de lidar com problemas disciplinares. Se a Diretoria quiser manter o erro chamado Luxemburgo, que pelo menos contrate alguém com autoridade para moderá-lo, porque essa pessoa, definitivamente, não se chama Luiz Augusto Veloso.


- Endureçam o jogo com as baladas do Ronaldinho, principalmente enquanto o patrocínio Master não for fechado. A exibição de sábado foi pouco. Outras reuniões - a portas fechadas, de preferência - são necessárias, pois a ponta da tabela é o lugar do Flamengo.


Aos que não suportam o Ronaldinho, basta refletir: propostas para ele sair só virão se ele estiver jogando bola e bem; se ele estiver na gandaia e em crise, o Flamengo só terá prejuízo, pois ele não sairá de mãos abanando do clube, podem ter certeza disso.


Ou a Diretoria do Flamengo aprende a se portar de modo profissional nesse episódio ou jamais aprenderá, seja com o Ronaldinho, seja com o seu Manager. Aí é que está o meu medo.


Janela


Uma semana e nada. Quem é o chefe do Manager? Pois é.


Bom dia e SRN a todos.