quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quatro Anos Em Seis Meses



Tal como JK em seus cinquenta anos em cinco, Patrícia Amorim tem seus quatro anos em seis meses, mas com o sinal invertido: a completa destruição de um trabalho de quatro anos em cerca de um semestre de mandato.



Esse trabalho se iniciou ao final de 2005, com o Flamengo à beira do rebaixamento, quando Kleber Leite assumiu o Departamento de Futebol do Flamengo. Sinto-me absolutamente à vontade para falar no assunto, já que, em 17 de dezembro de 2009, em minha coluna de estreia como colunista oficial do Buteco, fiz uma retrospectiva que, creio, retrata razoavelmente o que se passou de lá para cá. Remeto-lhes, então, à referida coluna, até para não prolongar excessivamente esse texto.


É claro que não vou aproveitar o momento ruim que passa o Flamengo para fazer politicagem e elogiar o Kleber Leite. Não é isso, até porque estou longe de ser seu correligionário; mas é fato que o Flamengo estava à beira do precipício e, após a chegada do Kleber Leite e a contratação do Joel Santana, o milagre ocorreu e, no ano seguinte, conquistávamos a Copa do Brasil. De lá para cá, houve uma série de conquistas, assim como dolorosas decepções, mas uma coisa nunca mais aconteceu: o Flamengo nunca mais disputou a fuga do rebaixamento e, a partir de 2007, passou a ser protagonista constante na luta pelo título até que, em 2009, ele veio, com a catarse de uma Nação.



Sinto-me na obrigação de lembrar que, do grupo vencedor de 2009, a imensa e esmagadora maioria do grupo foi montada ao longo desses anos pelo Kleber Leite, inclusive o Imperador Adriano. Delair Dumbrosk, para compor uma dívida milionária e diminuir o prejuízo do clube, trouxe Petkovic, contra a vontade de Kleber Leite e provocando a sua saída e, depois, Marcos Braz, entre contratações inexplicáveis, trouxe o “monstro” Maldonado (com um golpe de sorte, pois ele queria um tal de Correa que pasta lá pelas Minas Gerais). Veio então o título.



O que aconteceu depois disso?

A "gestão" de Patrícia Amorim.




Lembro-me nitidamente que o discurso de campanha foi, naquele tom empolado e superior, a “profissionalização” de todos os setores do clube, dentre eles, claro, o futebol, que seria gerido por um executivo remunerado.


Talvez Patrícia não contasse com o título brasileiro, o que é até compreensível, mas aqui vem a minha primeira pergunta: em que o título impedia a concretização do tão mencionado “projeto” para o futebol? Vejam bem, não é que ela tivesse que substituir o Marcos Braz, mas se ele era vice-presidente de futebol e o projeto era de profissionalização do respectivo departamento, o que lhe impediu de contratar o tal executivo para o futebol, mantendo no cargo, estatutariamente previsto, de vice-presidente de futebol, o senhor Marcos Braz?

Nada!





Claro, eu não vou negar que havia uma margem para discussão, pois, afinal de contas, “em time que está ganhando não se mexe” e ela poderia argumentar que preferiu adiar a concretização do seu projeto para não modificar o vitorioso Departamento de Futebol em um ano de Libertadores da América.

Então tá. Vou fingir que acredito. O problema é que, há cerca de um mês atrás, Patrícia Amorim, ou “Paty Piscina” para os amigos do Buteco, demitiu Marcos Braz, além do treinador Andrade. Ajudem-me então a entender: o que a impediu, durante esse período, de começar a implementar o seu projeto?


Como naquela música da saudosa banda Blitz: “NADA, Nada, nada, nada...”

Nada, Paty, nada!




Nada contra você nadar, nada contra você gostar de nadar, nada contra você ter suas ideias; o que está pegando é que esse mês em que a senhora “acumulou” a vice-presidência de futebol mostrou que você jamais teve projeto algum; o que você bradou aos quatro ventos em sua campanha é que tinha um projeto que na verdade jamais existiu, senão nos devaneios de uma ex-nadadora que resolveu embarcar na aventura de liderar uma Nação de aproximadamente quarenta milhões de pessoas espalhadas por todo o mundo.


O problema é que, ao decidir mandar Marcos Braz e Andrade nadarem em suas próprias piscinas, em plena véspera de disputa das oitavas-de-final de uma Taça Libertadores da América, a senhora desde então deixou o Flamengo no limbo, sem repor a saída dessas pessoas, sem demonstar a menor preocupação com os contratos que estavam se expirando, sem se importar com a saída de jogadores importantes do elenco.


Pior de tudo: a senhora, em plena oitavas-de-final de Libertadores da América, designou um “treinador” que jamais havia dirigido uma equipe de futebol profissional adulta. Não vou nem me alongar no que ocorreu desde então, mas apenas que o rapaz demonstra ter uma capacidade de ser teimoso muito prematura para alguém tão jovem; no último jogo, já nas quartas-de-final, e já no segundo tempo, escalou o meio que a maioria da torcida queria, mas aí já era tarde, e nada restou. Nada, nadinha...


Agora, nomeia como vice-presidente de futebol um sujeito que confessou publicamente que não entende nada do esporte, e, ainda por cima, nomeia um “conselhinho” para “aconselhá-la” composto por quase tudo o que de pior existe na política interna do clube, em nível de fracasso, incompetênica e desorientação, em pleno início de campeonato brasileiro.

No final, a "cereja" do bolo: o último que sair apague a luz. Debandada geral. É um tal de jogador pedir para sair, colocar o empresário para negociá-lo. Vamos acabar disputando as rodadas finais do Brasileiro com o time juvenil. Isso com certeza não é o retrato de um ambiente de trabalho em que os atletas reconhecem na diretoria algum traço de liderança...

O Fla-Flu


A verdade nua e crua desse quadro de desmantelamento, de devastação, de destruição, foi visto no Fla-Flu dessa quarta-feira, 26 de maio de 2010. Esse jogo, assim como a apresentação horrorosa de domingo passado contra um time absolutamente desqualificado chamado Grêmio Prudente, demonstram o que teremos que aturar por mais dois anos e seis e vinte e nove dias.
Não preciso dizer mais NADA, preciso?

Vamos ajudar a Vaca a sair da piscina!!!!!!!!!!!


Não vou dizer que a vaca está no brejo; ela está na piscina, quase se afogando. Vamos ajudá-la a sair. Rebaixamento à vista!

Cartas para a redação!

A Ampulheta



Faltam "só" dois anos, seis meses e vinte e nove dias para acabar esse suplício!!!!!!!!!!