sexta-feira, 9 de abril de 2010

Nem tudo está perdido, nem nada está ganho


O fato é que se não fosse aquele gol aos 46 minutos do segundo tempo, os comentários estariam sendo outros. Estaríamos louvando a estréia (em jogos realmente importantes) em grande estilo do Michael, relembrando as jogadas boas do Pet, falando bem da garra do Vagner Love, aplaudindo o Andrade por estar colocando o Maldonado para ganhar ritmo, dizendo que o Angelim tem mais “cara” de Libertadores do que o Fabrício. Como, nunca é demais dizer, “se” não faz história, estamos hoje numa baita ressaca, reclamando que as substituições foram equivocadas, que não é possível o Love perder tanto gol assim, que o Pet está fora de ritmo, que Angelim e Alvaro juntos não nos dão segurança… Enfim, a perda destes dois pontos doeu muito na torcida esforçada que foi ao Maracanã e nesta imensa nação de torcedores que se espalha pelo planeta.

Torcida, aliás, que não precisava ter vaiado o Pacheco. Está se firmando, por conta da indecisão do Andrade de escalar Pet e Vinicius juntos, o conceito de que ou é Pet ou é Pacheco. É claro que esta é uma variação tática interessante e que pode nos ser útil em determinadas partidas. Mas eles não são excludentes a princípio. Ontem, por exemplo, era uma opção válida ter começado com os dois juntos.

E ainda nem toquei no nome do Adriano. Pela primeira vez, em um jogo decisivo, o Adriano fez falta. Ainda que o Mezenga tenha feito uma partida razoável, o isolamento do Love foi marcante, e se o Adriano estivesse em campo, o resultado poderia ter sido bem melhor. Por mais que todos nós queiramos que o Adriano fique no Mengão, é extremamente discutível pagar mais de meio milhão de reais por mês (não sei se é verdade, mas este valor foi citado na imprensa) para um jogador que não pode jogar nas principais partidas da Libertadores até aqui. Não sei se a presidenta está esperando a vaca ir pro brejo para “passar o rodo” como li, mas a verdade é que se ficarmos fora da Libertadores e do estadual, vamos reclamar das duas coisas. Mesmo esse discurso (meu, inclusive) de que o estadual devia ser treino, irá por água abaixo se a Libertadores nos excluir antes do título.

E agora, o telhado de vidro para meus amigos jogarem pedra : O time não jogou tão mal assim. Revi o jogo ontem, e o time deles não é bobo. Até os 40 minutos do primeiro tempo, foram muitas as boas jogadas do Flamengo, muitas que não chegaram a virar finalizações porque o time deles tinha alguém antes do último passe. Mesmo sendo um jogo de “ataque contra defesa”, quando eles vinham eles tocavam a bola e chegavam com perigo. Não há justificativa para a derrota. Era para termos passado o carro e estarmos agora discutindo quais dos titulares deviam ou não jogar contra o time do cinto de segurança no domingo. Com o empate de ontem, já não depende de nós ficarmos como primeiro do grupo. Dependemos de algum tropeço do atual líder. E ficar em segundo lugar no grupo envolve fazer contas, o que não é nada agradável para quem quer ser campeão.

Ainda podemos engrenar esse time e ter grandes conquistas este ano. Mas a confiança fica balançada cada vez que vemos o time desperdiçar as oportunidades. Perdemos pouco este ano, mas nas duas derrotas, se tivéssemos ganho, serviriam exatamente para nos dar tranquilidade para um eventual tropeço mais tarde.

Por fim, ainda que também tenha errado alguns passes, o Michael ontem deve ter deixado preocupado o Pet. Depois de dois meio campos que a torcida depositava muita esperança por conta dos primeiros jogos com o manto, e que depois voltou ao nível normal de expectativa (Fernando e Ramon), surge um que pode ser mais uma opção para o Andrade dar criatividade ao nosso meio campo. Vamos ver se ele não é mais um cometa, daqueles que jogam bem uma ou duas partidas e depois somem por um bom período, ou se o jogador tem luz própria e veio pra ficar mesmo.