quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Revista: "Grandes Clubes Brasileiros"
...........Flamengo (Ué,...e tem outro grande?)
Edição Nº-04 de 1971- CR$2,50 - Relíquia

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..........................Roberto
.............Tudo Pelo Flamengo

Eu comecei a jogar futebol aos 14 anos de idade, pelo Manufatura, de Ni­terói. Era meio-de-campo, mas como meu pai já havia sido goleiro do mes­mo clube, eles lembravam disso e sem­pre que podiam me empurravam para a meta. E, apesar de não gostar da po­sição, até que fazia minhas defesas...

O relato é de Roberto Lopes Machado, fluminense de nascimento, residente no Fonseca, que durante tantos anos bri­lhou no Botafogo e hoje é uma das prin­cipais atrações do Flamengo.
_Sua idade, Roberto?
_Vou completar 27 anos em julho pró­ximo, pois nasci a 31/7/1944.
_Altura e peso?
_1m 74 e 72 quilos.

Casado e com um casal de filhos, êle explica qual o clube de seu coração:
_Meu pai sempre foi América, minha mãe Vasco, minha irmã Fluminense e meu irmão Botafogo. Talvez por isso nunca me tenha fixado como torcedor deste ou daquele clube. Depois, como profissional, aprendi a ser o clube pelo qual jogo. Ontem era Botafogo, hoje sou Flamengo e quanto ao amanhã, a Deus pertence...

Flu, Botafogo e Fla

Roberto explica como veio para o fu­tebol carioca:
_O primeiro clube no qual treinei foi o Fluminense. E até que me dei bem, pois mandaram que voltasse para a prá­tica seguinte, o que porém não fiz.
_Por quê, Roberto?
_Porque um amigo lá de Niterói, botafoguense roxo, acabou me desviando para General Severiano. Treinei no Bo­tafogo, aprovei e fiquei de pronto.
_E a vinda para o Flamengo?
_Terá sido, sem dúvida, a salvação da minha carreira futebolística, pois no de­sencanto em que me encontrava e já começando a relaxar com as minhas obrigações, fatalmente caminharia para o fim no futebol.
_Como assim?
_Não tenho mágoas do clube e nem de qualquer dos meus ex-companheiros. Mas no Botafogo há alguns dirigentes que só sabem prometer, prometer e protelar, para nunca cumprir. Ultimamente vinha jogando para atender aos apelos pessoais e de amigo do Zagalo. Até que um dia chegou a hora de en­frentarmos o Santos pela Taça de Prata e, como nenhuma das promessas que me haviam sido feitas tinham sido cum­pridas, na forma do costume, tomei a deliberação de não mais atender a qual­quer espécie de pedido. Disse que não jogaria e não fui para a concentração e não joguei, realmente.

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...............A maior alegria
_Satisfeito no Flamengo, Roberto?
_Satisfeitíssimo. Não poderia estar mais contente do que me encontro.
_Aonde está o jogador tido e havido como indisciplinado, que não cumpria horários, que levava fama de ser isto e mais aquilo?
_Sinceramente, não sei. Ao chegar ao Flamengo tive um entendimento direto com Yustrich, que me colocou a par de todas as suas normas de trabalho. E achei-o um técnico bacana, porque fala de frente, cara a cara, diz tudo sem rodeios, nu e cru como tem que ser. A sua franqueza vale ouro. E talvez se­ja justamente por isso que estamos nos dando maravilhosamente bem. Não há nenhum problema. Yustrich exige o má­ximo, porém, em compensação, se preo­cupa em oferecer-nos o máximo. Por isso, pode exigir.
_Já deu para sentir a diferença da popularidade, Roberto?
_Desde o primeiro dia. E olhe lá que já era um jogador com vários títulos de campeão carioca e até o de campeão mundial. Mas, mesmo assim, depois que vim para o Flamengo, minha popularida­de cresceu assustadoramente. Nunca mais consegui pagar um cafezinho nas barcas e nem viajei sozinho. Há sempre torcedores me cercando com sorrisos nos lábios e procurando cumular-me de todas as gentilezas.
_Mas Roberto, você veio para o Fla­mengo por empréstimo e se tiver que voltar ao Botafogo?
_Nunca mais, meu amigo. Se fôr o caso, se o alvinegro não confirmar a troca ou não se dispuser a vender o meu passe, vai perder tudo, pois não hesitarei um só instante em abandonar definitivamente o futebol. Afinal de contas, já não correrei mais o risco de morrer de fome...
_Qual a sua maior alegria ao se trans­ferir do Botafogo para o Flamengo?
_A de saber - respondeu-nos, em tom de pilhéria - que a partir daquele exato momento passaria a ter, sempre, Washington correndo do meu lado, isto é, jogando atrás de mim e nunca mais à minha frente...