sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Esquenta: Fortaleza x Flamengo, pela 30ª Rodada do Campeonato Brasileiro/2025

 

Salve, Buteco! Já contei a vocês algumas vezes que minha ligação com o futebol é profunda e muito antiga. Meu processo de alfabetização envolveu a leitura de resenhas de O Globo, na cobertura do cotidiano dos 4 grandes do Rio, em especial o Clube de Regatas do Flamengo. Prestes a completar 56 anos de idade, posso dizer que tenho mais de meio século acompanhando o velho esporte bretão e, claro, torcendo pelo Mais Querido do Brasil (e do Mundo).

Então, a minha formação como torcedor envolveu, basicamente, o acompanhamento dos jogos pelo Campeonato Carioca e os primeiros anos do Brasileirão, no formato "Onde a Arena vai mal, um clube no Nacional; onde a Arena vai bem, mais um time vai bem." Tempos nos quais havia jornalistas que consideravam o America e a Portuguesa de Desportos grandes e protagonistas de clássicos, em seus respectivos estados.

Tempos nos quais era difícil diferenciar clubes como o Fortaleza, adversário do jogo de amanhã, de outros como Ceará, Ferroviário, Remo, Paysandu, Vitória/BA, Vitória/ES, Desportiva Ferroviária, Sampaio Corrêa, Moto Club, CSA, CRB, Sergipe, Confiança, Itabaiana, Caxias, Londrina, Maringá, Nacional/AM, Fast Club, Rio Negro, River, Tiradentes, Flamengo/PI, Noroeste, XV de Piracicaba, Joinville, Sergipe, Confiança, Treze, Campinense e tantos outros.

Tempos que se foram, levando alguns clubes a um triste processo de encolhimento. Casos de Guarani, Ponte Preta e Santa Cruz,  para citar apenas alguns, que eram "médios protagonistas" na década de 70 e hoje lutam para disputar competições com um mínimo de relevância. Para que se tenha ideia, nenhum dos citados disputou em 2025 sequer a Série B. A Ponte Preta, com muito suor, conseguiu subir e disputará a finalíssima da Série C contra Londrina neste final de semana.

O Fortaleza passou muito tempo frequentando as divisões inferiores do futebol nacional, até que, na década passada, seguiu a direção inversa e iniciou um impressionante processo de ascensão. Com uma gestão profissional, alcançou o vice-campeonato da Série C em 2017 e, em 2018, sob o comando de Rogério Ceni, conquistou o título da Série B e o direito de finalmente voltar para a primeira divisão do futebol brasileiro, em 2019, ano no qual conquistou o primeiro título da Copa Nordeste em sua História. Ao todo, o Nareba comandou o Fortaleza, em duas passagens, por 151 jogos.

Contudo, sucedendo Ceni a partir de maio/2021, o argentino Juan Pablo Vojvoda elevou o Fortaleza a um novo patamar, alcançando o 4º lugar do Brasileirão/2021, classificando o clube para a Libertadores por quatro vezes, duas vezes de maneira direta e duas vezes chegando as oitavas de final, e disputando a final da Copa Sul-Americana em 2021, além de conquistar por mais duas vezes a Copa do Nordeste.

O Fortaleza de Ceni e de Vojvoda desafiou e venceu grandes clubes do futebol brasileiro e sul-americano. Fora de campo, foi de maneira justa elevado à condição de exemplo de gestão, seja no formato associativo, seja no de SAF do futebol, modelo implementado a partir de setembro/2023.

Entretanto, os caminhos da bola são tortuosos e imprevisíveis. Quantas SAFs no Brasil estão dando com os burros n'água, prezados Amigos do Buteco? Não sei se esse é exatamente o motivo (a SAF), mas eis que, justamente nos tempos da SAF que tem como CEO o presidente que comandou todo o processo de ascensão do clube, e justamente quando iniciou uma temporada com mais dinheiro para investir, sob a direção técnica de Juan Pablo Vojvoda, o treinador mais importante e vencedor da História do clube, as coisas começaram a desandar dentro das quatro linhas.

Os reforços de maior patamar não deram certo, Vojvoda foi demitido, depois de 4 anos e 310 jogos (!), o português Renato Paiva foi contratado para o seu lugar e demitido depois de 10 jogos, e, faltando 9 rodadas para o final do Campeonato Brasileiro/2025, o Leão do Pici (que tem um jogo a menos) ocupa a vice-lanterna, com apenas 24 pontos conquistados em 28 jogos, estando a distantes 7 pontos do primeiro clube fora da temida e gravitacionalmente atrativa Zona do Rebaixamento. 

"Do nada", o organizado Fortaleza começou a causar inveja aos grandes mais esculhambados e caloteiros do futebol brasileiro...

O argentino Martín Palermo, terceiro treinador da temporada, parece ter revitalizado um pouco o time, dando-lhe maior competitividade, porém tudo indica que não há mais tempo para uma reação evitando o rebaixamento e o retorno para a Série B em 2026. A estrutura do Fortaleza nos induz a acreditar que o clube pode perfeitamente voltar para a Série A; todavia, o competitivo futebol brasileiro dos tempos modernos mostra que nada é assim tão simples. 

A SAF do Athletico/PR e suas agruras na segundona que o digam...

Mas como eu ia dizendo, os caminhos da bola são imprevisivelmente traiçoeiros e a distância do Leão do Pici para o vice-líder do Brasileirão, que vem de três vitórias seguidas em três jogos chamados "grandes", o último deles pela semifinal da Libertadores, será um tanto reduzida pelo desgaste de alguns atletas, pela expectativa do jogo de volta em Avellaneda e até por algumas contusões. 

Para enfrentar esse time, o Fortaleza certamente estará jogando alguns de seus poucos dados restantes, literalmente no desespero.

Quem pode jogar? Quem deve ser escalado? Como fazer para manter o foco e conquistar os três pontos na rodada em que, dentre todas as restantes, há mais chances de ultrapassar o Palmeiras na tabela, diante do confronto direto no clássico palestrino contra o forte Cruzeiro, terceiro colocado no certame?

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Sorria, Buteco! Hoje é sexta-feira!

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.